Rosa Mota foi imobilizada numa parede e o ato foi registado num vídeo que reconstitui essa ação ao lado de um molde do corpo da atleta portuense. (Foto: João Lima/FBAUP)

Durante mais de 24 anos, a exposição “Do it” desafiou milhares de pessoas em todo o mundo a reinventar um conjunto de obras de arte concebidas por vários artistas internacionais. Agora, quase um quarto de século depois, cabe ao Pavilhão de Exposições da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) apadrinhar a estreia em Portugal desta exposição itinerante de arte contemporânea, concebida e comissariada pelo curador suíço Hans Ulrich Obrist.

Em “do it” esbate-se o papel do artista e apela-se à participação da audiência na construção da obra, a partir de um “manual de instruções” elaborados por 23 de artistas internacionais, casos de Louise Bourgeois, Liam Gillick, Richard Hamilton, Sol Lewitt, Bruce Nauman, Michelangelo Pistoletto, Rirkrit Tiravanija, entre muitos outros. Um desafio que, na FBAUP, foi abraçado por mais de 60 professores, colaboradores e estudantes a quem coube o papel de “doers”, com a colaboração da Câmara Municipal do Porto, de escolas, empresas e personalidades da cidade.

Exposição fio inaugurada no passado dia 24 de março e ficará patente até junho, no Pavilhão de Exposições da FBAUP. (Foto: João Lima/FBAUP)

O resultado deste trabalho coordenado por Lúcia Almeida Matos, diretora do Museu da FBAUP, com curadoria de Inês Moreira, professora e investigadora na FBAUP, inclui um conjunto de obras diversificadas que, incluem, por exemplo, o corpo de Rosa Mota literalmente colado à parede… As propostas incluem ainda um passeio “silencioso”  pela Rua de São Victor e outros lugares adjacentes ao edifício das Belas Artes; um postal panorâmico do centro histórico do Porto replicado em cores naïf; uma miniatura do farol de Leça da Palmeira suspensa do tecto, entre muitas outras.

Regulada pelo “Independent Curators International”, em Nova Iorque, a exposição assume-se como uma crítica à mercantilização e efemeridade da arte moderna. Desde a sua criação, em 1993, já passou por diferentes partes do mundo, tendo estado presente em países como Austrália, China, Dinamarca, França, Alemanha, México, Costa Rica, Uruguai. Tudo isto é possível já que pode ser reinterpretada, em qualquer parte do mundo, por qualquer pessoa, em qualquer espaço museológico e mediante instruções com maior ou menor flexibilidade.

Exposição comissariada pelo curador suíço Hans Ulrich Obrist chega a Portugal 24 anos depois da sua criação. (Foto: DR)

Inaugurada no passado dia 24 de março, a primeira “aparição” da “Do It” em Portugal está aberta ao público até 23 de junho e vem acompanhada por um programa de palestras, performances, conversas e visitas guiadas. O encerramento será assinalado com uma festa de destruição – a cargo da artista argentina Amalia Pica – de todas as instalações que podem ser vistas ao longo dos próximos três meses.

Até lá, todas as quartas-feiras há visitas orientadas e comentadas pelos “doers” – estudantes, professores, funcionários e elementos da comunidade próxima da FBAUP – que interpretaram as instruções criativas. A marcação de visitas guiadas pode ser feita através do telefone 225 192 403 ou por email [email protected].

Com entrada gratuita, a exposição pode ser visitada de terça-feira a sábado, das 14h30 às 18h30, no Pavilhão de Exposições da FBAUP.

Mais informações em http://doingit.fba.up.pt/pt/.