O belga Luc Tuymans, um dos pintores mais influentes da cena artística internacional, foi o convidado de honra do International Congress on Contemporary European Painting (ICOCEP), que decorreu na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), entre os dias 8 e 11 de abril.

Luc Tuymans começou a dedicar-se à pintura figurativa em meados da década de 1980 e contribuiu, ao longo da sua carreira, para o reaparecimento desse meio na arte contemporânea. As suas obras tratam de questões ligadas ao passado e à história mais recente e abordam temas do quotidiano através de um conjunto de imagens apropriadas das esferas pública e privada – da imprensa, da televisão ou da internet.

Na sessão pública do ICOCEP, que decorreu na Aula Magna da FBAUP, Tuymans defendeu, à conversa com o comissário Miguel Von Hafe Pérez, que “quando falamos de pintura, ela está embutida na sociedade” e que, de resto, a pintura foi a primeira conceção de imagem criada. Em declarações à RTP, reforçou essa ideia. “Sempre houve a necessidade de interrogar, nomeadamente a sociedade em que vivemos. E agora vivemos numa sociedade, certamente na Europa, que está com problemas, com um populismo nefasto que subestimámos pelo menos por 35 anos”.

Luc Tuymans começou a dedicar-se à pintura figurativa em meados da década de 1980 e tem contribuído para o reaparecimento desse meio na arte contemporânea. (Fotos: Domingos Loureiro/FBAUP)

Antes, já tinha explicado que “a vida é política, e todos os intelectuais são também políticos, mas a arte não.” Porém, isso não “não quer dizer que na arte não possa haver mensagens políticas.” A obra de Tuymans reflete momentos muito diversos da história, como os horrores da Segunda Guerra Mundial, o colonialismo belga, o terrorismo ou a política contemporânea, de que o retrato do papa emérito Bento XVI é um exemplo. Ainda em declarações à RTP, comentou que o medo é uma inspiração, “não para o ter, mas pela análise. É algo que sempre me interessou”, admitiu. No entanto, num momento em que  “já não se encontra no centro do mundo artístico”, conforme afirmou o próprio, “a ideia da pintura, o que quer dizer numa situação completamente diferente, numa sociedade que mudou e que está perante um anacronismo? O que é que significa ainda hoje?”, questionou.

O ICOCEP pretendeu conciliar a discussão sobre o lugar da pintura, nomeadamente ao nível da investigação, do ensino, da difusão e da prática, no contexto europeu, reunindo cerca de 80 oradores originários de diversos contextos, desde os Estados Unidos da América até Israel. Foram quatro dias intensos de comunicações, debate e interação entre professores universitários, investigadores, estudantes, artistas e interessados na pintura, um programa que teve como Oradores Principais Lee Weinberg, curadora e crítica de arte, Michael Rogers, investigador, artista e professor, e Pedro Calapez, um dos mais destacados pintores em Portugal, de acordo com a organização.

O ICOCEP foi organizado pelo Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade e pela FBAUP nomeadamente pelos professores e investigadores, Francisco Laranjo, Domingos Loureiro, Sofia Torres e Teresa Almeida, do Departamento de Artes Plásticas – Secção Científica da Pintura.