A Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) inaugura no dia 6 de março, às 18h30, a Exposição ESCOLAS: Complexidade e Interpretação, a partir da qual será possível revisitar dezenas de projetos e obras das escolas intervencionadas no âmbito do Programa de Modernização do Parque Escolar destinado ao Ensino Secundário.

Com base em 74 escolas localizadas “a norte” do país, integradas nas 205 escolas intervencionadas a nível nacional pela Parque Escolar, a exposição percorre então os projetos e obras das escolas, organizando-as segundo os cinco temas principais que norteiam o projeto de investigação homónimo, coordenado por André Santos, arquiteto, docente e investigador do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo (CEAU) da FAUP.

A partir destas temáticas – a que  corresponderão cinco espaços diferenciados na Galeria da FAUP – propõe-se assim uma narrativa sequencial, com início na ‘Reorganização Espaço-Funcional’, que serviu de mote inspirador quer para a adequação das condições espaciais às novas exigências pedagógicas, quer para a transformação dos edifícios escolares segundo um modelo de ensino-aprendizagem adequado à contemporaneidade.

No tema ‘Reabilitação e Valor Patrimonial’ convoca-se a condição dos edifícios preexistentes enquanto matéria operativa para a sua reabilitação, independentemente do maior ou menor valor patrimonial de cada uma das arquiteturas. O ‘Contexto Urbano’ reflete sobre a responsabilidade dos edifícios públicos, nomeadamente os escolares, para com a cidade, enquanto compromisso indiscutível no contexto da construção dos primeiros liceus, e que, ao longo do tempo, se foi esbatendo ou alienando. Em ‘Infraestruturas’, debatem-se por sua vez as consequências da incorporação dos mais recentes diplomas legais, traduzidos numa intensa carga de sistemas infraestruturais, mais significativamente intrusivas no contexto da reabilitação de edifícios preexistentes.

Finalmente, o módulo ‘Expressão Arquitetónica’ retrata de que forma as arquiteturas resultaram na diversidade das soluções, enquanto síntese de articulação dos temas anteriores.

Arquitetura comprometida com a realidade

Esta exposição constitui então um dos eventos inseridos no projeto de investigação sediado no FAUP-CEAU. O objetivo passa por salientar e reforçar a responsabilidade social e cultural da arquitetura na materialização de edifícios escolares e a importância do diálogo entre espaço [escolar] e processos de ensino-aprendizagem.

O trabalho aqui desenvolvido procura assim ir além da dimensão académica e estabelecer uma ponte entre a prática da arquitetura e o entendimento da escola enquanto espaço de desenvolvimento físico e intelectual.

Para isso, cada um dos edifícios contemplados na exposição foi reconhecido, identificado e revisitado segundo um conjunto de temas de arquitetura. Tudo isto com recurso a fotografias, desenhos e textos, capazes de demonstrar a pluralidade de modos de fazer escolas e de fazer arquitetura.

Com entrada livre, a exposição ESCOLAS: Complexidade e Interpretação vai estar patente ao público até 3 de abril e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, entre as 9h00 e as 20h00, na Galeria da FAUP (encerra aos feriados).

Sobre o projeto ESCOLAS: Complexidade e Interpretação

O projeto de investigação ESCOLAS: Complexidade e Interpretação, sedeado no CEAU, “tem como pano de fundo a transformação arquitetónica dos edifícios escolares, intervencionados ao abrigo do Programa da Parque Escolar, E.P.E., constituído por um universo de 74 escolas localizadas “a norte” do país”, conforme refere o coordenador André Santos.

Este projeto “tem como objetivo revisitar e debater a importância da intervenção arquitetónica nas escolas secundárias, promovendo um diálogo que, assente nas práticas e no campo disciplinar da arquitetura, potencie o conhecimento, envolvendo as dimensões políticas, pedagógicas, culturais, económicas e sociais”, destaca André Santos, acrescentando ainda que “experimentando o interpretável, e pelos processos de consciencialização, perspetiva-se potenciar as qualidades metodológicas deste tipo de intervenção para outros âmbitos programáticos”.

As principais ações de reflexão e difusão desdobram-se em cinco momentos. Para além da exposição que será agora inaugurada, incluem-se o ciclo de conferências Obras e Autores (realizado entre janeiro e junho de 2019), o Ciclo de Conversas Plural, na Casa da Arquitectura (outubro de 2019 a janeiro de 2020), o debate Política, Programa e Projeto (maio de 2020) e, finalmente, a edição do livro ESCOLAS: Complexidade e Interpretação (a ter lugar entre 2020 e 2021).

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