“A ideia surgiu de forma espontânea, e relacionada com a vontade de ajudar.” Foi com este espírito que Manuela Morato, docente da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), e Inês Vaz, farmacêutica na Unidade de Farmacovigilância do Porto na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), se juntaram para criar uma lista de desinfetantes de superfícies e para as mãos que tem como objetivo ajudar os farmacêuticos comunitários, no contexto do combate à COVID-19.

Ambas as farmacêuticas fazem parte de um grupo whatsapp de antigas estudantes da FFUP que, desde o início da pandemia se tornou ativo na discussão sobre o novo vírus COVID-19. Foi também aí que se aperceberam das dificuldades que as farmácias apresentavam para assegurar os stocks de produtos como desinfetantes e EPIs (equipamento de proteção individual, nomeadamente, máscaras).

Para dar uma resposta inicial às colegas, Manuela Morato e Inês Vaz procuraram saber quais os principais desinfetantes com ação virucida (substância, concentração, tempo de atuação). Depois avançaram para a pesquisa de mercado tendo “passado algumas horas ao telefone com indústrias”. As respostas mais frequentes foram “está tudo esgotado” ou “temos encomendas para os próximos meses”…

Mas afinal quais são os mais eficazes?

Foi com base nestas respostas que as duas farmacêuticas decidiram avançar para a lista, agora disponível para consulta pública na plataforma COVIDcids, criada pelo Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde (MEDCIDS) da FMUP). Ali estão elencados apenas os produtos cujas fichas técnicas garantem ação virucida.

“Começámos pelos desinfetantes de superfícies, mas depois alargámos para os de mãos porque começaram a faltar também”, explica Manuela Morato. À lista foi adicionada  igualmente uma adaptação de parte de uma tabela do Formulário Galénico Português, para que os colegas das farmácias pudessem relembrar como diluir álcool a 96° em álcool a 70° (mais eficaz como virucida).

Paralelamente, começaram a surgir questões sobre a permanência do novo vírus COVID-19 nas diferentes superfícies, pelo que uma tabela com alguns exemplos de vírus semelhantes faz também já parte da lista.

Manuela Morato encontrou na iniciativa uma forma de combater o “sentimento de inutilidade” gerado por estar fechada em casa. (Foto: DR)

Devido à grande procura que tem tido, a lista é atualizada todos os dias, como resultado da pesquisa das duas farmacêuticas da U.Porto, ou com produtos que os colegas farmacêuticos lhes fazem chegar para  apreciação.

“Estamos espantadas com a dimensão que a iniciativa está a alcançar. Gostamos de saber que os colegas e a sociedade em geral têm beneficiado da informação”, descreve Manuela Morato.

A iniciativa passou, entretanto, a contar também com o contributo de Isabel Almeida, também docente da FFUP, que vai colaborar num novo separador da lista, sobre máscaras e sua eventual reutilização, já que estas são também um produto escasso, e de fulcral importância.