Já são conhecidos os vencedores da 27.ª edição dos Prémio REN, que todos os anos premeia as melhores teses de mestrado na área da energia. Francisco Sousa Fernandes, atual estudante do Programa Doutoral em Sistemas Sustentáveis de Energia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), ficou em 3.º lugar com um trabalho relacionado com o mercado ibérico de energia.

É certo e sabido que Portugal e Espanha têm condições excelentes para apostar de forma sustentada na energia solar e eólica. Com isto em mente, Francisco Sousa Fernandes quis estudar os efeitos da progressiva integração de fontes renováveis de energia na rede ibérica.

No trabalho agora premiado, o estudante debruçou-se sobre os impactos que o aumento da produção renovável vai ter nas redes elétricas na Península Ibérica até 2040 e concluiu que “vão ser precisas medidas mitigadoras para evitar problemas de estabilidade de frequência como um apagão ou terem de desligar as luzes dos consumidores”.

O futuro passará por explorar cenários críticos e esse será muito provavelmente um dos assuntos-chave da tese de doutoramento sobre “a estabilidade da rede elétrica” a que vai dedicar-se nos próximos meses. O gosto pelas renováveis existe “desde miúdo”, mas nunca fez tanto sentido como agora já que as alterações climáticas, a sustentabilidade e as energias alternativas passaram a integrar as agendas de políticos e governantes à escala global, cientes da urgência do tema e da necessidade de adoptar medidas que possam salvar o nosso planeta.

A importância das probabilidades

José Carlos Bessa foi outro dos premiados. A sua tese de Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores foi distinguida com uma Menção Honrosa e um prémio de 2500 euros.

O trabalho incidiu na criação de modelos de cálculo de produção energia solar, eólica e hídrica a partir das condições meteorológicas: sabendo previamente se vai ou não chover e em que quantidade, é possível definir estratégias relativamente à produção de energia numa determinada barragem, por exemplo. O mesmo se aplica num parque eólico se soubermos a intensidade do vento ou num parque fotovoltaico em função das temperaturas e hora de exposição solar.

Ao aplicar esta técnica de previsão probabilística às três fontes renováveis de energia de uma forma agregada, José Carlos Bessa tem noção de que este modelo poderá revolucionar o mercado energético, desde logo porque as empresas passam a trabalhar com intervalos de valor em vez de dados fixos, o que significa que há menos probabilidades de haver desvios e com isso as empresas poupam muito dinheiro, já que neste setor são “habitualmente taxadas pelos desvios”.

O futuro da transição energética

João Peças Lopes, presidente do Juri do Prémio REN e professor catedrático da FEUP, não tem dúvida quanto à qualidade das propostas apresentadas que são “reflexo da trajetória que estamos a seguir da eletrificação suportada pelas energias renováveis”, enalteceu.

Os restantes trabalhos premiados abrangem outras vertentes da transição energética como a gestão das redes, a relação com a indústria e a procura de soluções para reduzir os custos de equipamentos e das empresas.

A cerimónia decorreu em Lisboa, no passado dia 29 de novembro, e contou com a presença de Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente.