Dois anos após a sua constituição, a European University Alliance for Global Health (EUGLOH), da qual a Universidade do Porto é membro fundador, deverá, em breve, alargar os seus horizontes a mais quatro universidades europeias. A decisão foi anunciada no encerramento da primeira cimeira anual da Aliança o EUGLOH Annual Summit 2021 -, que decorreu de 13 a 15 de outubro, na Reitoria da U.Porto.

Formada originalmente pela U.Porto e pelas universidades “aliadas” de Paris-Saclay (França), Lund (Suécia), Ludwig-Maximilian de Munique (Alemanha) e Szeged (Hungria), aquela que foi uma das primeiras 17 “alianças europeias inter-universitárias” prepara-se então para “crescer” para três novos países. Às cinco fundadoras deverão juntar-se as universidades de Alcalá (Espanha), Hamburgo (Alemanha), Novi Sad (Sérvia) e a Universidade de Tromsø – Universidade Ártica da Noruega (UiT)

“A principal conclusão desta cimeira é a de alargar a aliança e criar ecossistemas de cooperação alargados nos domínios da investigação e inovação, sustentabilidade, ciência aberta, serviço à sociedade, entre outras áreas. Partilhamos muitas práticas, partilhamos muitos valores e, no futuro, queremos continuar trabalhar em conjunto no sentido de criar verdadeiros cidadãos da Europa”, referiu Sylvie Retailleau, presidente da Université Paris-Saclay, entidade coordenadora da EUGLOH.

O alargamento foi também abordado pelo Reitor da U.Porto no discurso de encerramento do EUGLOH Annual Summit 2021. “Depois desta cimeira, estamos de facto em melhores condições para otimizar a rede de parcerias EUGLOH, para alargar a Aliança a novos membros e para estender a nossa intervenção a outras áreas de cooperação académica, científica e cultural”, realçou António de Sousa Pereira.

“Passos firmes” para uma aliança cada vez mais sólida

Reiterando “o forte compromisso da Universidade do Porto com os objetivos e valores da EUGLOH”, o Reitor não escondeu a satisfação pelos passos dados pelas cinco universidades “aliadas” durante os três dias da cimeira. “Creio termos dado passos firmes no sentido do aprofundamento dos níveis de integração, mobilidade e cooperação entre instituições parceiras”, vincou.

Ainda segundo Antonio Sousa Pereira, “foram abertas novas perspetivas de relacionamento, não apenas ao nível do ensino, formação e mobilidade mas também no domínio da investigação e inovação”. Nesse sentido, “devemos ter a ambição de reforçar o posicionamento da EUGLOH no sistema científico e de inovação europeu, o que exige a mobilização da massa crítica, das infraestruturas tecnológicas e dos ecossistemas de inovação de todas as instituições parceiras”.

Apesar do otimismo, o Reitor alertou para “as barreiras que ainda subsistem à plena cooperação, mobilidade e intercâmbio no ensino superior europeu”. E deu a receita para superá-las: “É essencial articular esforços entre as nossas comunidades académicas, no quadro de uma estratégia comum para produzir conhecimento na área da saúde global e promover a sua transferência para o tecido social e económico europeu”.

“Abrem-se, pois, boas perspetivas para tornar a EUGLOH numa Aliança mais sólida, dinâmica e pluridimensional. Uma Aliança com crescente impacto no Ensino Superior Europeu e no desenvolvimento material e humano da Europa”, concluiu António de Sousa Pereira.

EUGLOH: uma orquestra bem afinada

Numa altura em que o mundo enfrenta um dos maiores desafios de sempre no domínio da Saúde Global, o EUGLOH Annual Summit 2021 (inicialmente agendado para 2020, mas adiado devido à pandemia de COVID-19) trouxe a debate os desafios multidisciplinares que emergem nesta área. A liderar a discussão esteve um painel de peritos internacionais das cinco universidades “aliadas”, de todas as áreas do conhecimento, bem como oradores convidados de organizações externas.

Depois de um primeiro dia reservado a reuniões internas da EUGLOH, o programa da cimeira abriu-se depois ao resto da comunidade através de várias sessões onde a análise do presente e do futuro da “Aliança” serviram de pretexto para refletir os desafios interdisciplinares relacionados com a Saúde Global e o Ensino Superior na Europa.

O último dia do EUGLOH Annual Summit 2021 ficou ainda marcado pela conferência protagonizada pelo maestro Rui Massena no auditório da Casa Comum. “Thinking Global Health” foi o mote para uma sessão moderada pelo Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, e que contou com a participação, entre outros, do ex-ministro da Saúde Paulo Macedo, atual representante da U.Porto no Conselho Consultivo (Advisory Committee) da EUGLOH.

Utilizando o mundo da música como metáfora do caminho a tomar para a conquista da saúde global, Rui Massena começou por evocar as experiências de plenitude proporcionadas pelos momentos de criação musical: “Temos de ensinar a todos o gesto criativo para que possam sentir bem-estar”, disse, para logo interpelar a audiência: “Qual é o combustível para tudo?”. Reposta: “A colaboração”.

O maestro Rui Massena foi um dos protagonistas do último dia da cimeira. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

O maestro deu depois o exemplo de uma orquestra, onde indivíduos altamente qualificados e treinados contribuem para um todo harmonioso, cientes do papel que têm a desempenhar. E ilustrou-o com imagens de músicos a sorrir, evidenciando que a música os faz felizes: “A arte ajudou à construção destas pessoas, e por isso é necessário que ela exista na Universidade, que seja transversal a todas as disciplinas”, sublinhou.

“É sem dúvida interessante que, numa cimeira onde abundavam médicos e cientistas, tenha sido um Compositor e Maestro a prescrever a melhor receita”, remata Fátima Vieira, Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora.

Sobre a EUGLOH

A European University Alliance for Global Health (EUGLOH) começou a ganhar forma em junho de 2019, com a aprovação, pela Comissão Europeia, daquela que constitui uma das primeiras 17 alianças de universidades do continente.

O projeto foi lançado oficialmente em setembro de 2019, em Paris, e tem como principais objetivos a cooperação entre as cinco universidades envolvidas nos domínios do ensino, investigação e da inovação na área da saúde global, numa perspetiva multidisciplinar, apostando para isso em áreas como mobilidade de estudantes e staff universitário ou a cooperação científica.

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