A Universidade do Porto e as restantes universidades que integram a European University Alliance for Global Health (EUGLOH) deram início, no passado mês de janeiro, ao projeto EUGLOHRIA (EUGLOH – Research and Innovation Action). Trata-se de uma iniciativa que marca o alargamento da Aliança às áreas da investigação e da inovação no domínio da saúde e que, ao longo dos próximos três anos, focar-se-á, entre outras iniciativas, no desenvolvimento de um plano de ação em investigação sobre pandemias.

Num contexto em que a pandemia de COVID-19 “tornou evidente a importância de abordagens interdisciplinares de saúde global para enfrentar os desafios sociais que essas crises representam”, a U.Porto associa-se assim às congéneres de Paris Saclay (França), LMU Munique (Alemanha), Lund (Suécia) e Szeged (Hungria) no sentido de “intensificar a cooperação nas áreas da investigação e inovação”.

Para além do desenvolvimento de projetos de investigação vocacionados para o combate a crises de saúde globais (incluindo as pandemias), o “programa” do EUGLOHRIA prevê também o estabelecimento de uma “Rede de Instalações Básicas de Excelência” (ECF) e a constituição de um Observatório de Saúde Global.

No caso da U.Porto, caber-lhe-á ainda liderar um grupo de trabalho do projeto que terá como missão mapear, estabelecer boas práticas e desenvolver planos de ação vocacionados para a cooperação com a indústria e outros stakeholders.

Através destas medidas, pretende-se então “consolidar e expandir redes transnacionais de cooperação para incluir atores de áreas diferentes da academia”, nomeadamente os “agentes formuladores de políticas, empresas e a sociedade em geral”. Ao mesmo tempo, pretende-se promover “a excelência na próxima geração de especialistas em saúde global”.

Um passo em frente na Aliança

Financiado com cerca de 2 milhões de euros no quadro da call “SwafS – Science with and for Society” (do programa H2020), dedicada exclusivamente às primeiras 17 alianças interuniversitárias aprovadas pela Comissão Europeia, o EUGLOHRIA vem assim promover uma crescente aproximação das cinco instituições que integram a EUGLOH, com especial enfoque nos domínios da inovação e investigação.

Na prática, a ideia passa por fomentar a identificação de sinergias ao nível de linhas de investigação comuns, mas também do acesso à infraestrutura científica ou no âmbito das suas estruturas e práticas de aproximação à sociedade civil e às empresas.

“Espera-se que desta colaboração possa resultar um processo de transformação institucional tendo em vista o fortalecimento das relações entre as universidades da rede, o fortalecimento das relações das instituições com o ecossistema empresarial da rede EUGLOH e a criação de condições para a conceção de novos projetos de I&D conjuntos, tirando partido dos excecionais recursos mobilizados pela EUGLOH na área da saúde global”, projetava Joana Resende, Pró-Reitora da U.Porto com os pelouros do Planeamento, Empreendedorismo e Transferência de Conhecimento, aquando da aprovação do projeto, em julho de 2020.

Para a mesma responsável, o EUGLOHRIA constitui igualmente “mais um passo importante na concretização do modelo de «universidades europeias do futuro» que a Comissão Europeia pretende criar, tendo em vista a aposta na educação dos cidadãos europeus para o futuro e a crescente aproximação e abertura das universidades europeias”.

Rumo à Universidade do futuro

O EUGLOHRIA vem então complementar e reforçar as ações que vêm sendo desenvolvidas no quadro do “ambicioso projeto” da EUGLOH, que começou a ganhar forma em junho de 2019, com a aprovação, pela Comissão Europeia, daquela que é uma das primeiras 17 alianças de universidades do continente. O lançamento oficial do projeto aconteceu em setembro de 2019, em Paris.

E se a pandemia dificultou a cooperação prevista nalgumas áreas (nomeadamente ao nível da a promoção da mobilidade de estudantes, docentes e investigadores), nem isso tem comprometido o sucesso da Aliança. A prova disso mesmo é o trabalho que vem sendo desenvolvido na criação de programas de ensino conjuntos, mas também na partilha de recursos, ferramentas e infraestruturas entre as cinco universidades, que, em conjunto, albergam mais de 200 mil estudantes.