chita

A chita é o animal terrestre mais veloz do planeta, e terá migrado da América do Norte para África. (Foto: DR)

Agostinho Antunes, investigador do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) é um dos autores do estudo publicado na última edição da prestigiada revista científica Genome Biology, que revela que a chita (Acinonyx jubatus) terá migrado da América do Norte sensivelmente há 100 mil anos atrás, durante a última Idade do Gelo, antes de ficar isolada em África.

Durante este estudo, desenvolvido por um consórcio internacional que envolveu 35 cientistas de 10 países, a equipa sequenciou, montou e comparou o genoma de um macho chita da Namíbia, chamado ‘Chewbaaka’, com outros seis chitas selvagens da Tanzânia e Namíbia.

“A chita habita partes da África Oriental e Austral, mas é uma espécie altamente ameaçada, com populações reduzidas. Este predador Africano icónico é próximo do puma norte-americano, e efetuou uma jornada épica através de uma ponte terrestre para a Ásia e, em seguida, viajou para o sul da África. A migração levou a uma elevada diminuição das populações de chita, causando uma redução drástica da sua herança genética devido a cruzamentos consanguíneos”, revela Agostinho Antunes.

O estudo do seu genoma permitiu assim, segundo o investigador do CIIMAR, obter uma “visão mais aprofundada da história evolutiva desta espécie e a dimensão do empobrecimento genómico da chita, responsável por uma elevada mortalidade juvenil, anomalias extremas no desenvolvimento do esperma e aumento da vulnerabilidade a surtos de doenças infeciosas”.

Os investigadores do estudo, liderado por Stephen J. O’Brien, do Centro Oceanográfico da Universidade Nova Southeastern, na Florida, e da Universidade de São Petersburgo, revelam ainda que esta última visão sobre a história e adaptação da chita em perigo de extinção, poderá ser útil nos esforços para sustentar e aumentar os números das populações de chitas nos seus atuais e antigos habitats.