Imagem de Luís Belerique e Vítor Marinho ilustra a formação do sistema solar

Um estudo da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), publicado no passado dia 15 de fevereiro, na revista internacional “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”, permitiu observar duas estrelas muito jovens, rodeadas por um disco de poeira e gás, capazes de formar planetas. Desenvolvida por Paulo Garcia, professor do Departamento de Engenharia Física da FEUP, a investigação revela que quando as órbitas destas duas estrelas estão no ponto de maior proximidade. interagem num evento explosivo.

Este fenómeno foi observado através do “Very Large Telescope Interferometer”, considerado um dos mais avançados telescópios do mundo, localizado no Chile. Este telescópio, quando integrado com o instrumento AMBER (que combina a luz de três telescópios simultaneamente), detecta o fenómeno explosivo das estrelas.

Para explicar este fenómeno, Paulo Garcia vai até às origens do nosso sistema solar (na foto), que se formou através de um disco de poeiras e gás, quando o Sol (atualmente com cerca de cinco mil milhões de anos) tinha aproximadamente um milhão de anos de idade. No caso das estrelas binárias, uma delas tem cerca do dobro da massa do Sol e a outra, uma massa parecida com a do “astro-rei”. Com uma idade de quase um milhão de anos, têm ainda o seu “sistema solar” em formação. Estas estrelas binárias orbitam uma em torno da outra, dando uma volta completa a cada três semanas e estando separadas na região mais próxima por uma distância apenas sete vezes maior que o seu raio.

“As estrelas quando são jovens têm uma atividade magnética muitíssimo mais intensa que o Sol. Têm à sua volta estruturas magnéticas muito extensas e variáveis e também um disco onde se estão a formar planetas. Pensa-se que o evento explosivo se deve à conjugação de uma pequena separação, de modo a que estas estruturas se sobrepõem, e de matéria que cai para as estrelas”, destaca Paulo Garcia.

O estudo que acaba de ser publicado conta com a colaboração de investigadores da Alemanha, Itália, França e Chile. A técnica utilizada na investigação é conhecida por interferometria e, de acordo com Paulo Garcia, permite obter informação com uma precisão angular 500 vezes superior a um telescópio num dos melhores observatórios do mundo.

“Existe outra tecnologia – a ‘ótica adaptativa’ – que corrige em tempo real a ‘cintilação’ das estrelas. Mas mesmo assim, a interferometria obtém informação 50 vezes mais precisa angularmente. Esta tecnologia é muito importante porque as estrelas estão muito próximas e a sua separação angular é muito pequena”, destaca o investigador da FEUP.