Elisabete Silva a recebeu o prémio para o melhor trabalho na categoria “Anatomia e Biomecânica” na conferência anual da International Continence Society.

Elisabete Silva, investigadora do INEGI e estudante do Programa Doutoral em Engenharia Biomédica da FEUP, ganhou o prémio para o melhor trabalho na categoria “Anatomia e Biomecânica”, atribuído na conferência anual promovida pela International Continence Society, um dos eventos científicos mais relevantes do mundo nas áreas da uroginecologia e da urologia.

Na origem da distinção está o trabalho intitulado “A non-invasive procedure to establish the passive and active biomechanical properties of the pubovisceralis muscle: comparisons between asymptomatic and incontinent women”, do qual Elisabete Silva é primeira autora, e no qual participam mais dois investigadores do INEGI, Renato Natal e Marco Parente, e uma investigadora da FMUP, Teresa Mascarenhas.

“O objetivo é estimar as propriedades biomecânicas ativas e passivas in vivo, de forma não invasiva, dos músculos do pavimento pélvico da mulher e compreender qual a influência destas propriedades na incontinência urinária de esforço”, explica a investigadora do INEGI.

Os resultados deste estudo sugerem que a combinação de tecnologias como a análise computacional, os algoritmos de otimização e a ressonância magnética pode permitir a determinação das propriedades in vivo da musculatura pélvica, de forma não invasiva, o que poderá ajudar, num futuro próximo, a personalizar e a otimizar as malhas cirúrgicas de reconstrução, permitindo reduzir as taxas de reoperação.

Até então, “as propriedades biomecânicas de ligamentos pélvicos têm sido estudadas através de testes experimentais in vitro, recorrendo a tecidos adquiridos durante cirurgia ou a partir de cadáver. No entanto, os tecidos recolhidos são frequentemente danificados durante a aquisição e, portanto, a comparação com tecidos saudáveis torna-se difícil”, acrescenta Elisabete Silva, esclarecendo a importância da nova abordagem ao problema proposta.

O parto vaginal, a idade e as alterações hormonais são os principais fatores de risco responsáveis pelas disfunções pélvicas abordadas neste estudo, designadamente a incontinência urinária e o prolapso dos órgãos pélvicos, uma disfunção que se traduz no deslocamento dos órgãos pélvicos devido ao enfraquecimento dos respetivos músculos e ligamentos. Além de prejudicarem consideravelmente a qualidade de vida de muitas mulheres, estas complicações acarretam custos elevados e representam um problema de saúde pública, devido à sua elevada prevalência.

Para a investigadora do INEGI, um dos próximos passos a serem dados nesta área, que é já estudada na Universidade do Porto há mais de 12 anos, passaria pela “caracterização das propriedades mecânicas dos músculos pélvicos de outros grupos de mulheres, por exemplo, mulheres atléticas e obesas com e sem patologia, mulheres pós-parto e em mulheres pós fisioterapia, para correção de disfunções”.