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O sol é a principal fonte de Vitamina D, que pode também encontrar-se nalguns alimentos, nomeadamente peixes gordos. (Foto: DR)

Um estudo inédito em Portugal, liderado por uma equipa multidisciplinar de investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e do Centro Hospitalar e Universitário do Porto – Hospital de Santo António (CHUP-HSA), concluiu que cerca de 78% da população tem insuficiência de Vitamina D.

Publicado recentemente na revista internacional Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology, o estudo liderado por Andreia Bettencourt,  estudante de do Doutoramento em Ciências Biomédicas e investigadora do Laboratório de Imunogenética e da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) do ICBAS, alerta ainda para a elevada prevalência de deficiência grave de Vitamina D, que afeta quase metade (48%) da população estudada.

Para a realização deste estudo, que caracteriza pela primeira vez os níveis de vitamina D numa população adulta saudável em Portugal, foram investigados 198 indivíduos (dadores de sangue) do Norte de Portugal, com idades entre os 18 e os 67 anos. Os indivíduos entre os 36 e 50 anos apresentavam mais deficiência vitamínica, e foi encontrada uma correlação negativa entre os índices de massa corporal e os níveis de Vitamina D, Ou seja, quanto maior o índice de massa corporal, mais baixos são os níveis de Vitamina D. Não foram encontradas diferenças entre os géneros.

Como seria de esperar, a percentagem de pessoas com insuficiência de Vitamina D flutua ao longo do ano, apresentando no Verão o valor mais baixo (62%), e atingindo no Inverno valores de cerca de 95%. Ainda assim, os valores encontrados no verão são surpreendentemente altos, sugerindo que apesar de Portugal ser um país com muito sol (a principal fonte de produção da vitamina) e grande exposição solar, muitas pessoas não se expõem os 10 a 15 minutos diários considerados suficientes para serem mantidos os níveis ideais de Vitamina D.

A falta de vitamina D está associada a maior risco de infeções, doenças auto-imunes, oncológicas e cardiovasculares. O estudo alerta por isso para a necessidade de implementação de uma estratégia eficaz para prevenir a sua deficiência e insuficiência.

Para além de Andreia Bettencourt, o estudo contou ainda com os contributos de Daniela Boleixa, Júlia Reis, José Carlos Oliveira, Denisa Mendonça, Paulo Pinho Costa, Berta Martins da Silva, António Marinho e Ana Martins da Silva, investigadores do Laboratório de Imunogenética, da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) e do Departamento de Estudos de Populações do ICBAS, bem como dos departamentos de Neurologia e de Química Clínica e a Unidade de Imunologia Clínica (UIC) do CHUP-HSA, e o Departamento de Genética do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).