A equipa ’Blind Data’, composta por quatro estudantes e um antigo estudante da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), é a grande vencedora terceira edição da Eurekathon, a competição de data science promovida pela Porto Business School, LTPLabs e NOS. Este ano, a iniciativa contou com o apoio da Câmara Municipal de Matosinhos e do CEiiA que, enquanto parceiros sociais, vão implementar a solução vencedora de forma a otimizar as soluções de micromobilidade da cidade e assim tornarem o município mais sustentável.

Partindo do desafio ‘Como promover a transição de Matosinhos para a micromobilidade, rumo à descarbonização?’, a solução apresentada por Diogo Valente (estudante de Engenharia e Gestão Industrial), João Matos, Maria Carvalho, Maria Loureiro (todos eles estudantes de Bioengenharia) e João Afonso Pereira (Data Analyst e alumnus de Bioengenharia) permitirá que a Câmara Municipal de Matosinhos possa sustentar todas as suas decisões em dois modelos preditivos.

Com estes modelos será possível prever os fluxos de circulação ideais, por zona, e recomendar, considerando todos os critérios avaliados, as transições de transporte mais prováveis, integrando não apenas as soluções de micromobilidade existentes, como todas as soluções de mobilidade.

Levando em linha de conta o impacto efetivo que a circulação de automóveis tem no ambiente, a solução da ‘Blind Data’ segue uma estratégia assente em três verticais, por forma a reduzir esse fluxo de circulação: experiência do utilizador, definição efetiva das zonas e otimização da frota.

A experiência do utilizador tem por objetivo promover a adoção de novos comportamentos e premiar esta transformação comportamental. Para tal, a equipa recorreu ao cruzamento de dois modelos preditivos: um para calcular a poupança de emissões de CO2 com a viagem; e outra para recomendar o meio de transporte de micromobilidade mais adequado.

Já a definição efetiva das zonas permitirá otimizar a frota, garantindo um método para determinar a quantidade de bicicletas e scooters disponíveis em cada uma das zonas.

Durante a apresentação final do projeto, os ‘Blind Data’ revelaram que preveem taxa de penetração máxima de cerca de 5% para esta solução, o que possibilitará uma redução de 199 kg por dia de CO2, o que representa uma poupança de cerca de 73 toneladas de CO2 por ano no município de Matosinhos.

Unidas pelas sustentabilidade

A edição deste ano da Eurekathon desafiou mais de 100 participantes a encontrar soluções concretas para tornar as cidades mais sustentáveis e inteligentes, com foco na mobilidade. Para isso, contaram com a orientação de 20 mentores e o apoio tecnológico da Google Cloud.

No final desta maratona de ideias de 50 horas, que coloca o poder da tecnologia ao serviço do desenvolvimento sustentável da sociedade, os representantes das três entidades organizadoras e membros do júri destacaram, unanimemente, o valor desta iniciativa e a relevância de encontrar novas soluções para temas prementes.

Teresa Bianchi de Aguiar, Senior Manager da LTPlabs, descreveu a “Eurekathon como um pilar muito importante na nossa estratégia de sustentabilidade, na medida em que conseguimos contribuir a nível social através daquilo que de melhor sabemos fazer: utilizar o analytics”. A mesma responsável recordou ainda que as entidades organizadoras da competição se mantiveram “sempre fiéis aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Em 2019, trabalhámos na área do bem-estar social, em 2020, num ano particularmente difícil, desafiámos os dados contra a fome, e este ano nada melhor do que pegar na problemática das alterações climáticas”.

Já Patrícia Teixeira Lopes, Associate Dean da Porto Business School, lembrou que a escola de negócios da U.Porto está “fortemente empenhada na concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas em toda a nossa atividade. E esta iniciativa tem o grande mérito de trazer para este desígnio o nosso talento mais jovem e aplicá-lo no desenvolvimento de soluções para resolver problemas concretos das populações locais.”

Por fim, Filipa Santos Carvalho, Administradora da NOS, sublinhou que “a sustentabilidade é um tema crucial para a NOS, mas, na realidade, é um tema que nos deve mobilizar a todos, sendo um desafio das entidades públicas e privadas, mas também das cidades e de cada cidadão. A sustentabilidade é um tema incontornável e único, que fazia todo o sentido trazer este ano à Eurekathon”.

Prémio solidário

Para além da equipa da FEUP, esta edição da Eurekathon distinguiu ainda as equipas ‘TRUST’ e ‘Boosted Pandas’, que arrecadaram o segundo e terceiro lugares do pódio, respetivamente.

Para além da possibilidade de implementar o projeto com os Parceiros Sociais da Eurekathon, as três equipas receberam um prémio monetário que reverte, em 20%, para uma ONG à escolha da equipa. A equipa vencedora ‘Blind Data’, que conquistou um prémio no valor de 2.000 euros, elegeu a New Incentives, uma ONG que opera na Nigéria e que visa aumentar a vacinação infantil através de um programa de transferências condicionadas (conditional cash transfer – CCT).

A equipa ‘TRUST’ confirmou, por sua vez, a doação de parte do prémio – no valor de 1.000 euros – para a Casa do Caminho, uma instituição sem fins lucrativos do concelho de Matosinhos, cuja missão é acolher crianças que se encontrem em situação de perigo. Já a Boosted Pandas’ doou 20% do seu prémio à Associação Natureza Portugal, que trabalha em associação com a WWF, a maior organização global independente de conservação da Natureza.

A 3.ª edição da Eurekathon decorreu virtualmente entre os dias 12 e 14 de novembro. A apresentação dos cinco projetos finalistas teve lugar no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões dia 20 de novembro, e foi transmitida no canal de YouTube da competição.