Os estudantes Helena Almeida e Nelson Leça, dos programas doutorais em Ciências Biomédicas e em Biologia Molecular e Celular, respetivamente, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), e a desenvolver investigação no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), receberam recentemente uma Bolsa Fulbright para Investigação com o apoio da FCT, que lhes permitirá desenvolver parte do seu doutoramento nos Estados Unidos, em laboratórios de topo na área da nanomedicina e da divisão celular, respetivamente.

Helena Almeida está a fazer o seu projeto de doutoramento no grupo Nanomedicines and Translational Drug Delivery do i3S, sob orientação do investigador José das Neves e co-orientação do investigador Bruno Sarmento e irá agora, durante nove meses, para o laboratório do cientista Giovanni Traverso, no Brigham and Women’s Hospital, Harvard Medical School, em Boston, que é também seu coorientador.

“Estou a desenvolver nanopartículas anisotrópicas, isto é, com propriedades assimétricas, para administração oral de insulina no contexto do tratamento da diabetes tipo 1”, explica Helena Almeida.

A equipa espera que as “nanopartículas carregadas com insulina se movam com maior velocidade e atravessem facilmente a barreira de muco no intestino. Isto facilitará a interação com o tecido intestinal e levará ao possível aumento da absorção da insulina para a corrente sanguíne”.

Esta estratégia, sublinha a investigadora, “permitirá aos doentes beneficiar de uma forma de administração da insulina menos invasiva, quando comparada com as injeções subcutâneas que se utilizam atualmente”.

“No laboratório do Prof. Giovanni Traverso irei realizar ensaios num modelo inovador baseado em tecido intestinal de porco e tentar demonstrar o aumento da permeabilidade da insulina através da utilização das nanopartículas anisotrópicas”, especifica Helena Almeida.

Para a estudante, que está agora no segundo ano do seu doutoramento, poder colaborar com um prestigiado grupo de investigação da Harvard Medical School é “estimulante e também desafiante. Representa uma oportunidade única de aprofundar conhecimentos na área da nanomedicina e investir no meu desenvolvimento, a nível pessoal e enquanto cientista”.

Corrigir os erros nas células

Nelson Leça, por seu lado, está a seu desenvolver o trabalho de investigação do seu doutoramento no grupo «Cell Division & Genomic Stability», sob orientação do investigador Carlos Conde. “Estou a estudar a orientação da divisão celular, um processo fundamental para definir e manter a correta arquitetura dos tecidos celulares. Em inúmeros tipos de cancro são frequentes os erros na orientação da divisão celular, pelo que perceber a origem destes erros assume um carácter prioritário no nosso grupo de investigação”, explica.

No âmbito da Bolsa Fulbright que recebeu, Nelson Leça vai desenvolver parte do seu doutoramento no Morrill Science Center da Universidade de Massachusetts Amherst, nos Estados Unidos, no laboratório do cientista Thomas Maresca. Durante quatro meses, explica Nelson Leça, “terei acesso a novas metodologias de microscopia e sensores de FRET que me permitirão monitorizar os níveis de atividade de importantes proteínas reguladoras da orientação da divisão em tempo real”.

Os resultados obtidos durante este período nos Estados Unidos, adianta, “irão gerar conhecimento importante para melhor perceber as causas da desorientação da divisão celular no cancro e fornecer um conjunto bem caracterizado de assinaturas moleculares que podem ser usadas para avaliar a agressividade e o potencial de invasão de tumores”.

Além disso, acrescenta Nelson Leça, “vou aprender um conjunto de técnicas de grande relevância na minha área de estudo e implementá-las no i3S. Será também um período de crescimento pessoal e que me dará a conhecer uma realidade científica diferente da que temos em Portugal. Mais ainda, irá ajudar a estabelecer uma pipeline de intercâmbio de talento, conhecimento e tecnologia entre o i3S e a UMass Amherst, e reforçar os laços intelectuais, técnicos e humanos entre Portugal e os EUA”.

As Bolsas Fulbright para Investigação com o apoio da FCT destinam-se a bolseiros(as) de doutoramento diretamente financiados pela FCT que tenham previsto ou venham a prever, no âmbito do seu plano de formação, a realização de um período de investigação numa universidade ou centro de investigação norte-americano.