A Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (AEFMUP) organiza esta quarta-feira, dia 8 de abril, um debate online sobre o consumo da cannabis para fins recreativos. A iniciativa tem início previsto às 19h00 e terá transmissão online no Facebook da AEFMUP.

O debate vai contar com a presença “à distância” de Maria Augusta Vieira (professora da FMUP e psiquiatra do Centro Hospitalar Universitário de São João), João Goulão (médico de Medicina Geral e Familiar), Bruno Maia (especialista em Neurologia), Rosa Gonçalves (psiquiatra do Hospital Conde de Ferreira) e Ricardo Baptista Leite (especialista de Saúde Publica e deputado do PSD). A moderar o debate estarão dirigentes da AEFMUP.

Com a duração prevista de duas horas, a sessão incluirá também um espaço de interação com os estudantes, que terão assim a oportunidade de esclarecer dúvidas e colocar questões aos intervenientes.

Estudantes dividem-se

Entre os estudantes da FMUP, as opiniões dividem-se quanto à ideia de despenalizar a cannabis para fins recreativos.

“A despenalização podia, por um lado, pressupor um acesso mais seguro e regulamentado, mas, por outro, podia fazer com que se diminuísse a perceção de risco devido ao facilitismo inerente associado”, adverte Marta Gonçalves Rocha. A estudante lembra também as conclusões de um estudo publicado em dezembro pela FMUP e pelo Cintesis sobre o aumento do número de hospitalizações associadas a cannabis registadas nos hospitais públicos portugueses.

Já Gonçalo Gomes tem uma outra opinião sobre o tema. O estudante do 3.º ano do Mestrado Integrado em Medicina dá o exemplo de países que já legalizaram a cannabis para fins recreativos, como os Estados Unidos e o Canadá, e onde se constataram alguns indícios positivos.

“A legalização permitiu um maior controlo sobre quem vende e quem compra, ou seja, possibilitou combater o tráfico e a adulteração destes produtos”, nota Gonçalo, acrescentando que o consumo nesses países “estagnou ou até reduziu”. O futuro médico defende ainda que “o foco da abordagem política deve estar orientado para a informação e o conhecimento necessários à orientação de escolhas individuais conscientes e responsáveis”.