Os estudantes da FEUP integram a única equipa portuguesa a participar no programa da ESA. (Foto: DR)

Depois da participação na final de Kiruna, na Suécia, em setembro do ano passado, com o lançamento de uma experiência científica para o espaço num balão atmosférico de grandes dimensões, o mesmo grupo de estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) decidiu elevar a fasquia e candidatar-se a um novo ciclo do programa REXUS/BEXUS promovido pela Agência Espacial Europeia (ESA). O desafio passa, agora, por transportar experiências científicas para a estratosfera a partir de um foguetão. A proposta foi aceite pelos peritos da ESA nas vésperas de Natal, altura em que ficaram a saber que teriam um ano e meio para desenvolver o projeto.

Para Nuno Moreira, Bruno Correia, Américo Leão Duarte e David Leite, estudantes do 4º ano do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e Computadores (MIEEC) FEUP esta não será uma estreia. Muito pelo contrário: estiveram envolvidos no lançamento da experiência anterior em Kiruna, promovida também pela ESA, e o “bichinho” da competição falou mais alto. A eles juntaram-se agora Pedro Costa, Daniel Granhão, Joana Macedo, Nuno Schumacher, estudantes do MIEEC e também Carlos Marinho do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica. Durante o próximo ano vão ser orientados por Sérgio Reis Cunha, professor da FEUP e também por Zaida Silva, coordenadora do projeto Straplex junto das escolas do ensino secundário.

São a única equipa portuguesa a participar no programa da ESA. Juntam-se assim a mais nove equipas europeias, sendo que cinco delas são alemãs. Todos eles passaram por um processo de seleção bastante seletivo e no qual tiveram mesmo de prestar provas. Até porque o desafio que vão ter pela frente é bem mais complexo do que os anteriores: o lançamento de experiências científicas para a estratosfera a partir de um foguetão tem por objetivo demonstrar a viabilidade de navegar a alta altitude através da receção de sinais de rádio de oportunidade. Estes englobam sinais de televisão digital terrestre ou estações base de telemóveis que são difundidos com alcance significativo.

Denominado SPAN – Space Navigation Using Signals of Opportunity – o projeto liderado pelos estudantes da FEUP vai ainda incorporar um relógio atómico, o que por si só constitui uma inovação no programa REXUS. “Este novo projeto pretende comprovar que é possível navegar com sinais de oportunidade a maiores altitudes (90km), além de que irá processar a informação em tempo real, enviando diretamente para terra a posição do rocket”, explica Américo Leão Duarte, para quem “desenvolver uma ‘obra’ de engenharia à escala europeia e lançá-la num rocket é sem duvida uma grande motivação para nos superarmos, trabalharmos e colocar os nossos conhecimentos em prática. Acreditamos que este projeto é uma mais valia para os membros da equipa”.

“Através do contacto com experts e estudantes de outros países é possível adquirir novas forma de pensar e interagir com o mundo exterior. É uma oportunidade para desenvolver soft skills e aprender mais sobre o domínio aeroespacial, aprender a lidar com problemas de engenharia e a resolvê-los com sucesso”, remata o estudante da FEUP.

Destinado a estudantes universitários de todo o mundo, o programa BEXUS, promovido pela ESA, em parceria com o German Aerospace Center (DLR), o Swedish National Space Board (SNSB), o Mobile Rocket Base (MORABA) e o Center of Applied Space Technology and Microgravity (ZARM), é uma experiência única. Ao longo do desenvolvimento do projeto os estudantes têm o apoio técnico dos peritos das diferentes agências espaciais envolvidas no programa. O REXUS e o BEXUS são lançados a partir do Esrange Space Center, no norte da Suécia, e o lançamento está previsto para março de 2018. Até lá é trabalhar bastante para fazer história.