É a terceira vez que a Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) participa no programa BEXUS (Balloon EXperiments for University Students) da Agência Espacial Europeia (ESA). Desta vez, a experiência consiste no lançamento uma antena insuflável para a estratosfera a partir de um balão de hélio.

O projeto“SARIA” – acrónimo para Synthetic-Aperture Radar using an Inflatable Antenna –, está a cargo de André Aragão, Bernardo Moreira, Gonçalo Santos, Gonçalo Xavier, Mafalda Santos, Margarida Marques, Nuno Schumacher e Tiago Martins, estudantes do 4.º ano do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e Computadores (MIECC), e Nuno Barros, estudante do 4.º ano do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica (MIEM).

Através desta experiência científica, os estudantes da FEUP pretendem mostrar que é possível realizar radar de abertura sintética usando apenas componentes disponíveis no mercado tanto na parte eletrónica (com a ajuda de rádios definidos por software), como na construção da antena insuflável.

Sob orientação de Sérgio Reis Cunha, docente  do Departamento de Engenharia Eletrotecnica e Computadores, a equipa teve já oportunidade de participar num workshop na Holanda em novembro, tendo sido selecionados – juntamente com mais cinco equipas de universidades europeias – para a Student Training Week e o Preliminary Design Reviews (PDRs) que decorreram em fevereiro, em Kiruna, na Suécia.

Mas o que é, afinal, um radar de abertura sintética?

“Uma tecnologia que permite criar imagens do terreno a partir do envio de ondas de rádio e do processamento dos respetivos eco”, explica Gonçalo Santos, team leader da equipa. O objetivo de construir uma antena insuflável tem a ver com o facto de permitirem diversas aplicações “serem muito leves” e quando não estão a ser utilizadas ocuparem menos espaço, “o que reduz significativamente os custos associados ao seu lançamento, quer seja a partir de um balão ou num satélite”.

O trabalho tem avançado a bom ritmo. O lançamento da experiência para a estratosfera está previsto para outubro, a partir do SSC, no ESRANGE Space Center, no norte da Suécia. Mas até lá, há muito trabalho ainda pela frente. “Realizar um projeto desta escala, com o nível de qualidade de projetos espaciais europeus, não é tarefa fácil, mas pensamos estar preparados. Talvez o nosso principal desafio seja garantir que a antena mantém o formato pretendido nas condições adversas em que vai ter de funcionar”, acredita Gonçalo Santos.

“É muito motivador vermos aplicado tudo o que temos vindo a aprender ao longo do nosso percurso na FEUP. (…) Para além de ganharmos imensa experiência na área, é também uma oportunidade para ‘crescermos’ pessoalmente, tendo em conta que vamos ter de lidar não só com a nossa própria equipa, mas também com outras equipas de toda a Europa e experts das diferentes áreas”, atira o estudante do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e Computadores.

Sobre o REXUS-BEXUS

É um programa da ESA organizado em parceria com o German Aerospace Center (DLR), o Swedish National Space Board (SNSB), o Mobile Rocket Base (MORABA) e o Center of Applied Space Technology and Microgravity (ZARM). Durante as diversas fases do projeto os estudantes têm o apoio técnico dos peritos das diferentes agências espaciais envolvidas.

Os lançamentos das experiências acontecem a partir do SSC, no ESRANGE Space Center, no norte da Suécia