Filme coloca em "confronto" o processo de criação dos graffitis na cidade do Porto e a atuação da autarquia face a este fenómeno (Foto: DR)

Quando o desafio surgiu no âmbito da disciplina de Documentário do Mestrado de Multimédia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Helena Dourado, Luís Honrado e Ricardo Faria não hesitaram. Inspirados na  “grande falta de abertura ao diálogo” sobre o graffiti na cidade do Porto, o trio de estudantes decidiu abordar o fenómeno à luz da tradição da Invicta no que toca ao aparecimento de artistas urbanos emergentes e das investidas recentes a nível de planeamento e limpezas por parte da Câmara Municipal do Porto (CMP). O resultado conta-se em “Graffiti, Serviços de Limpeza”, curta-metragem que retrata o “derradeiro campo de batalha entre ambas as facções”.

Centrado num tema “tabu” na atual discussão sobre a cidade, o documentário procura demonstrar as diferentes opiniões e visões sobre a existência e criação dos graffitis, bem como captar reações face à atuação da CMP relativamente a esta matéria, que tem resultado na limpeza da maior parte deste tipo de pinturas pela cidade. Duas “facções” em jogo, geradoras de opiniões distintas, que os estudantes procuraram confrontar de um ponto de vista sociológico. Até porque “para quem não está por dentro do assunto, é difícil entender os motivos pelos quais tudo isto se está a suceder”, defendem os produtores.

Para dar vida ao filme, os três estudantes, todos eles com raízes no campo do multimédia, combinaram os diferentes conhecimentos que possuíam para a produção e pós-produção do documentário.  À equipa juntaram-se ainda Tiago Brilhante e Ana Pedro, enquanto designers de som. Juntos, trabalharam o enredo, mas também uma forte componente técnica e visual que procura dar a conhecer todo o processo por detrás da criação/eliminação de um grafitti. Ao transmitir de forma imparcial toda a situação, e conhecendo ambas as realidades, os autores desejam “que o espetador seja capaz de formar uma opinião pessoal sobre o tema”.

Poster do filme “Graffiti, Serviços de Limpeza”.

A execução do projeto demorou cerca de três meses, desde a conceptualização até ao tratamento áudio. O grande desafio centrou-se nos contactos e reuniões, que acabaram por prolongar o processo de produção. No entanto, a corrida contra o tempo entre pós-produção, design e som compensou. O resultado final acabou por sobrepor-se a todas as dores de cabeça.

Da experiência vivida na FEUP, os três estudantes levam a aprendizagem em áreas que não eram abrangidas nos seus cursos de licenciatura (design e multimédia). Na disciplina de Documentário contaram com muito apoio técnico e teórico assim como no planeamento. Pela primeira vez, afirmam os jovens, “pudemos produzir uma curta-metragem mais sólida e concreta num tema, com algum nível de seriedade”.

Helena, Luís e Tiago fazem questão de assinalar que nada disto seria possível sem a intervenção de algumas pessoas: ”a docente Soraia Ferreira, a Rafi da Dedicated Store, a Joana Soares da Câmara Municipal do Porto, o Dr. Heitor Alvelos, e à FEUP, pelo fornecimento do excelente material de produção, em especial ao Eduardo Magalhães, pela paciência que teve com as nossas dúvidas”.

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