A estudante Flávia Martins, do Programa Doutoral de Biomedicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), a desenvolver a sua investigação no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), recebeu recentemente uma Bolsa Fulbright que lhe permitirá desenvolver parte do seu doutoramento nos Estados Unidos e aprender técnicas de nanoimagem para estudar a resistência às terapias contra o cancro colorretal.

Flávia Martins vai ter a oportunidade de passar cerca de seis meses no Center for Physical Genomics and Engineering at Northwestern University (Illinois), no grupo liderado pelo investigador Vadim Backman.

Esta colaboração, explica, “surgiu no seguimento dos resultados preliminares obtidos durante o meu projeto de doutoramento, que revelaram alterações a nível da organização do DNA e a reprogramação da expressão genética como possíveis mecanismos de resistência à terapia anti-KRAS em cancro colorretal”.

O KRAS é o oncogene mais frequentemente mutado em cancro. Estes genes estão presentes em quase metade dos pacientes com cancro colorretal e são preditores negativos de resposta ao tratamento. Devido à sua enorme relevância em vários tipos de cancro, o KRAS é considerado um dos principais alvos terapêuticos.

Contudo, o desenvolvimento de terapias para inibir o KRAS tem sido um dos grandes desafios em oncologia. Embora as mutações tenham sido descritas há aproximadamente 40 anos atrás, só recentemente é que ficou disponível na clínica um medicamento para inibir uma das formas mutadas do KRAS. Os dados clínicos demonstram, porém, que as células tumorais tratadas com esta terapia dirigida ao KRAS são capazes de tolerar o tratamento e desenvolvem mecanismos de resistência muito rapidamente que lhes permitem continuar a crescer. É, por isso, fundamental identificar os mecanismos que permitem a estas células ultrapassar a inibição do KRAS e retomar o crescimento do tumor.

Uma “oportunidade” para crescer

No laboratório de Vadim Backman, Flávia Martins terá então “a oportunidade de aprofundar e complementar estes resultados através da caracterização da organização tridimensional do DNA no núcleo após ativação e inibição de KRAS usando novas técnicas de nanoimagem desenvolvidas no seu grupo».

Para a jovem investigadora, que está a desenvolver o seu doutoramento no grupo «Epithelial Interactions in Cancer» do i3S, sob orientação da investigadora Sérgia Velho, estes seis meses nos Estados Unidos representam uma “oportunidade para aprender técnicas que ainda não existem em Portugal e, eventualmente, implementá-las no i3S. Por outro lado, cria condições para se estabelecer uma nova colaboração entre o i3S e uma universidade de renome dos EUA”.

Além disso, conclui Flávia Martins, “conhecer a realidade de um laboratório fora de Portugal irá certamente ajudar-me a crescer a nível profissional e pessoal”.