A estudante Joana Oliveira, a frequentar atualmente o 2.º ano do doutoramento em Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), é a vencedora da primeira edição do 3MT U.Porto, o concurso que, ao longo dos últimos meses, pôs à prova as capacidades de comunicação dos estudantes de doutoramento da U.Porto.

A final da competição decorreu no passado dia 13 de maio, no Salão Nobre da Reitoria. Neste evento, os 21 finalistas foram desafiados a resumir os resultados das suas investigações em apenas três minutos, e com a ajuda de um único diapositivo.

No caso de Joana Oliveira, o desafio passou por “traduzir” em poucas palavras o trabalho que vem desenvolvendo no domínio da aquacultura, e cujo foco se prende em “desenvolver uma dieta funcional para o modelo de peixe da corvina e ainda em encontrar biomarcadores de nutrição nesse modelo que nos ajudem a avaliar os efeitos da nutrição na saúde e bem-estar dos peixes”.

“A vitória foi uma grande surpresa. Para mim significou começar a acreditar mais em mim própria acima de tudo. Significou também um desejo futuro de continuar a comunicar ciência e a falar daquilo que tanto gosto”, destaca a jovem investigadora, que está a desenvolver o seu projeto de doutoramento no grupo NUTRIMU, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), dedicado ao estudo da Nutrição e Imunobiologia dos peixes.

Joana Oliveira foi distinguida com um cheque de 1000 euros. (Foto: UDR)

A vontade de “dar a conhecer, de uma forma clara, a importância do que investigamos à população” foi, de resto, uma das motivações que levaram Joana a abraçar o desafio do 3MT U.Porto.

“A ideia de apresentar em três minutos algo tão complexo e longo como um projeto de doutoramento parecia-me quase impossível, por isso resolvi tentar o desafio. Além disso, era uma boa oportunidade de sair da minha zona de conforto e evoluir as minhas capacidades comunicativas”, explica.

Para além do prémio no valor de 1000 euros, a estudante da FCUP admite levar do 3MT U.Porto “uma experiência excelente”. Por outro lado, “aprendi imenso e tive a oportunidade de conhecer várias pessoas e os seus próprios projetos interessantes”.

“Obrigou-nos a colocar em palavras simples o que fazemos no doutoramento”

Para além de Joana Oliveira, o 3MT U.Porto distinguiu ainda, com uma menção honrosa, a estudante Diana Felizardo, do Programa Doutoral em Patologia e Genética Molecular do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

“Já conhecia o concurso anteriormente e achava graça ao conceito. É uma forma interessante de Comunicação em Ciência e daí ter decidido participar”, revela esta médica especialista em Anatomia Patológica, que se apresentou perante o júri do 3MT com um projeto focado no estudo de biomarcadores em cancro da bexiga.

“Este é um tipo de neoplasia deixado por vezes um bocadinho “para trás” na investigação e nas estratégias de financiamento, apesar de ser muito prevalente e constituir um importante problema de Saúde Pública. Assim, fico sobretudo contente por ter tido a oportunidade de chamar a atenção para a relevância do estudo deste tipo de cancro”, realça a também investigadora do Grupo de Epigenética e Biologia do Cancro do IPO-Porto.

Diana Felizardo conquistou uma menção honrosa, no valor de 800 euros. (Foto: DR)

Para Diana Felizardo, participar no 3MT U.Porto foi “uma experiência interessante”, na medida em “que nos obrigou a colocar em palavras simples o que fazemos nos nossos projetos de doutoramento e a treinar a melhor forma de apresentar resumidamente o nosso trabalho”.

Uma “aposta ganha” e com asas para voar

A satisfação dos estudantes reflete-se igualmente  na da organização que deu corpo à primeira edição do 3MT.UPorto. “Foi uma caminhada muito prazerosa e gratificante, um processo de aprendizagem para todos, e o balanço final não poderia ser mais positivo”, resume Paula Silva, professora  do ICBAS, sobre um “sucesso” que “só foi possível pelo envolvimento alargado da comunidade da U.Porto”

Dos vários momentos que pontuaram o concurso, a docente e membro da Comissão Organizadora começa por destacar a “formação intensiva” que deu aos finalistas a possibilidade de explorarem algumas dicas e “truques” para melhorarem as respetivas apresentações.

“O mais gratificante foi testemunhar que a formação foi muito além do desenvolvimento técnico; criou-se uma oportunidade única para os candidatos se conhecerem, trocarem ideias e experiências, e foram evidentes os laços de amizade criados entre os participantes”.

Finalistas e membros da organização da primeira edição do 3MT U.Porto. (Foto: U.Porto)

Já a final do concurso “foi um dia de celebração em que todos ganhámos: os que estiveram na organização do evento por terem conseguido, num curto período de tempo, implementar esta competição na U.Porto; a Comissão de Avaliação por ter selecionado os melhores; e principalmente, os candidatos porque mostraram que agarraram esta oportunidade para se tornarem melhores comunicadores de ciência.”

“Ganha a aposta inicial”, Paula Silva perspetiva agora um futuro ambicioso para o 3MT U.Porto. E deixa já a dica para o próximo ano: “Seria a altura de desafiar a Universidade do Porto a motivar os seus parceiros da European University Alliance for Global Health (EUGLOH) para uma 3MT internacional dentro da rede”.