Imagine uma reunião de trabalho em que cada um dos participantes está representado por um holograma, ou uma situação em que consegue sentir o cheiro de uma refeição confecionada noutra parte do mundo. Estes cenários podem tornar-se realidade em 2030, quando começar a ser implementada a próxima geração das redes de comunicações móveis (6G). É para definir os requisitos e discutir os programas de investigação do 6G que quase dois mil especialistas se vão reunir na conferência internacional 2021 Joint EuCNC (European Conference on Networks and Communications) & 6G Summit, que decorre virtualmente entre os dias 8 e 11 de junho, tendo o Porto como cidade de acolhimento e o INESC TEC como entidade organizadora.

Sob o lema “On the Road to 6G – A caminho do 6G”, esta conferência servirá para discutir a implementação avançada do 5G e definir a visão da rede 6G, que deverá chegar na próxima década.

“O 6G começa a ser investigado agora, para ser usado em 2030. Nesta conferência será lançada a estratégia de financiamento da União Europeia para a investigação do 6G e definida a visão da próxima geração de redes móveis”, explica Manuel Ricardo, coordenador do Cluster de Redes de Sistemas Inteligentes do INESC TEC.

O que podemos esperar do 6G?

Redes de comunicação mais flexíveis, inteligentes e ubíquas (presentes em toda a parte). Os sistemas de comunicações vão incorporar técnicas de aprendizagem automática (machine learning). Estes sistemas vão aprender as necessidades dos utilizadores e adaptar-se, combinando técnicas avançadas de comunicações, computação, sensorização e posicionamento”, perspetiva o também professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

As redes 6G vão ser importantes para suportar novos tipos de comunicação, como por exemplo a comunicação holográfica, comunicações hápticas (que nos permitem usar outros sentidos como o tato ou o cheiro), Internet para a indústria 5.0, a Internet dos objetos, e comunicações entre veículos autónomos. A sexta geração irá explorar o novo espetro rádio nos TeraHertz que possibilitará débitos na ordem dos 100 Gbit por segundo, com latências 10 vezes inferiores às do 5G.

A 2021 Joint EuCNC & 6G Summit visa precisamente reunir os principais especialistas na área, promovendo um fórum privilegiado de debate. “A tecnologia 6G tornou-se o principal foco da investigação sobre sistemas sem fios, a nível mundial”, refere Matti Latva-aho, diretor do F6G Flagship, o programa de investigação finlandês responsável pelo lançamento dos eventos 6G Wireless Summits, em 2019. “É com enorme prazer que associamos os 6G Summits ao EuCNC, refletindo, assim, a relevância da tecnologia 6G a nível europeu”, conclui.

A conferência tem acesso gratuito a partir de https://www.eucnc.eu/.

Três dias a debater o futuro

Cerca de dois mil especialistas de todo o mundo são esperados na conferência, uma das maiores a nível internacional e cujo acesso é gratuito. O evento inclui workshops, sessões plenárias e técnicas e uma exposição virtual com mais de 20 stands.

Os quatro oradores principais são Michael Peeters, investigador do imec e professor na Universidade de Antuérpia, na Bélgica; Manuel Ramalho Eanes, administrador executivo da NOS; Roberto Verdone, professor na Universidade de Bologna e diretor do WiLab, em Itália; e Petter Vetter, diretor da Nokia Bell Labs, nos Estados Unidos.

A conferência contará ainda com a participação do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, na sessão de abertura, que decorre no dia 9 de junho às 9h00. Programa completo aqui.

A 2021 Joint EuCNC & 6G Summit é organizada pelo INESC TEC, com o apoio do programa 6G Flagship/ Universidade de Oulu, da Comissão Europeia através do projeto EuConNects 4 coordenado pelo INOV-INESC, da Presidência Portuguesa do Conselho da UE 2021 e do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE), a maior associação de engenheiros eletrotécnicos do mundo. Tem o patrocínio da NOS, Huawei, Nokia, Virginia Diodes e Ericsson.