Investigadores identificaram 922 casos de nascimentos prematuros só entre junho de 2011 e maio de 2012.

Nas próximas quarta e quinta-feira, dias 9 e 10 de outubro, o auditório do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto recebe mais de três dezenas de especialistas europeus em cuidados pré-natais e cuidados intensivos neonatais para discutir estratégias de intervenção em recém-nascidos pré-termo (com menos de 32 semanas de idade gestacional).

Estes 35 especialistas europeus são os coordenadores do projeto EPICE – Effective Perinatal Intensive Care in Europe, que decorre simultaneamente em 11 países europeus (Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Estónia, França, Itália, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido e Suécia). Desenhado para contribuir para o aumento da sobrevivência e promoção da saúde e qualidade de vida destes recém-nascidos, o EPICE procura garantir que o estado da arte do conhecimento científico nesta área é transferido e aplicado na prática clínica.

A nível nacional, este projeto é coordenado por Henrique Barros, diretor do Instituto de Saúde Pública da U.Porto, e decorre em trinta unidades hospitalares, distribuídas por duas zonas: 13 na Região Norte e 17 na Região de Lisboa e Vale do Tejo. Estas duas regiões representam, aproximadamente, dois terços dos recém-nascidos muito pré-termo em Portugal.

No âmbito deste projeto foi possível identificar, em Portugal, 922 casos (incluindo interrupções médicas da gravidez, mortes fetais e nados-vivos) só entre o período compreendido entre junho de 2011 e maio de 2012. Estas crianças têm vindo a ser acompanhadas e avaliadas desde o seu nascimento, sendo que esta atividade irá permitir compreender melhor a epidemiologia das interrupções médicas da gravidez, da mortalidade fetal e dos nascimentos entre as 22 e as 31 semanas de gestação.

Recorde-se que em Portugal, no ano de 2012, 8 em cada 100 bebés nasceram prematuramente. Destes, 1% tinham menos de 32 semanas. Apesar dos avanços verificados nos últimos anos, foi entre os muito pré-termo que se observou 58% da mortalidade neonatal em 2012. É também nestes casos que se verificam as mais graves situações ao nível dos cuidados neonatais, tais como hemorragia intraventricular, sépsis ou ausência de encerramento do canal arterial.