Uma equipa de jovens investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) foi recentemente selecionada pelo programa «Spin Your Thesis! (SYT)» da Academia da Agência Espacial Europeia para testar o efeito da hipergravidade na permeabilidade intestinal. O objetivo é testar dois fármacos, um anticancerígeno e outro para o tratamento da diabetes incorporados em nanossistemas. Trata-se de um estudo pioneiro, uma vez que o efeito da hipergravidade no epitélio intestinal nunca foi reportado.

Denominada «Artemis», a equipa é constituída pelos investigadores Cláudia Azevedo, Maria Helena Macedo, Andreia Almeida, Soraia Pinto e Bruno Sarmento, do grupo «Nanomedicines & Translational Drug Delivery» do i3S , e vai começar o treino já no final deste mês em Transinne, na Bélgica, no Centro Europeu de Educação e Segurança Espacial (ESEC – European Space Security and Education Centre), juntamente com uma outra equipa selecionada, proveniente de Itália.

A experiência propriamente dita terá lugar em setembro, em Noordjwik, Países Baixos, no ESTEC – Centro Europeu de Investigação e Tecnologia Espaciais (European Space Research and Technology Centre).

“Uma oportunidade única”

Cláudia Azevedo, que lidera a equipa, explica que o objetivo dos investigadores passa por “utilizar um modelo in vitro que mimetiza o epitélio intestinal e testar nanoformulações desenvolvidas por membros da equipa para tentar perceber qual a influência que a hipergravidade poderá ter na permeabilidade destes compostos no intestino humano».

Além disso, acrescenta, “queremos perceber qual a influência da hipergravidade na morfologia das células e na expressão de proteínas envolvidas na absorção intestinal. De acordo com um estudo realizado em modelo nasal, a hipergravidade aumenta significativamente a permeabilidade de fármacos. Neste contexto, pensamos que expondo células intestinais a condições de hipergravidade, também poderíamos verificar esse efeito em fármacos incorporados em nanosistemas”

O programa «Spin Your Thesis! (SYT)» da Academia da Agência Espacial Europeia visa oferecer a estudantes de mestrado e doutoramento de todo o continente a oportunidade de projetarem, construirem e testarem a sua própria experiência de hipergravidade na Centrífuga de Grande Diâmetro (LDC) da ESTEC. Enquanto gira, esta centrífuga é capaz de simular a força da gravidade até valores 20 vezes superiores ao que experimentamos na superfície da Terra.

“Fazer uma experiência na Agência Espacial Europeia é uma oportunidade única, não só a nível científico e de currículo, como pessoal. Além disso, este programa permite-nos conhecer duas agências espaciais, ter reuniões com engenheiros espaciais e ser acompanhadas por técnicos da ESA», sublinham Maria Helena Macedo, Andreia Almeida e Soraia Pinto.

As atividades da equipa, a única portuguesa a ser selecionada para este programa, podem ser seguidas no twitter.