Helena Sant’Ovaia, docente do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território (DGAOT) da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), encontrava-se de férias na Islândia quando teve a oportunidade de viver “o sonho de qualquer pessoa, sobretudo de um geólogo!”. Afinal, contava-se entre as centenas de turistas que tiveram o privilégio de observar, no local, a erupção vulcânica na crista da montanha Fagradalsfjall, situada na península de Reykjanes, cerca de 27 quilómetros a sudoeste da capital Reiquiavique.

“Após uma subida por um trilho de cerca de sete quilómetros acede-se ao local onde se avista a erupção. A visão é de cortar a respiração e nenhuma foto ou vídeo conseguem fazer justiça à beleza do processo geológico. A observação do vermelho das lavas, o calor e o odor característico, devido à proximidade da erupção, são emocionantes!”, relata a docente da FCUP, sobre uma experiência vivida com emoção e conhecimento profissional.

“Ver uma manifestação da Natureza deste tipo, creio ser o sonho de qualquer pessoa, sobretudo de um geólogo!”, descreve a investigadora na área das Ciências da Terra e também diretora do Instituto Geofísico da Universidade do Porto .

A Islândia é uma ilha vulcânica com cerca de 24 milhões de anos, situada a sul do Círculo Polar Ártico, num local relevante do ponto de vista tectónico, pois está localizada entre duas placas tectónicas: a placa norte-americana, a oeste, e a placa eurasiática, a leste, que estão gradualmente a separar-se, a uma velocidade média de cerca de 20 mm por ano.

Esta situação geológica é propícia à intensidade da atividade vulcânica, de que é exemplo aquela que está a ocorrer atualmente ao longo de uma fissura na crista da montanha Fagradalsfjall. Iniciada no passado dia 3 de agosto, a erupção vulcânica presenciada por Helena Sant’Ovaia vem lançando lavas que fluem da base da montanha, enchendo o vale como uma piscina de rocha derretida.

Este vulcanismo, designado por fissural, caracteriza-se por ser efusivo, isto é, as lavas são fluidas, sem haver até ao momento emissões de gases, cinzas ou outro tipo de piroclastos, o que permite a observação da erupção em segurança.