As macroalgas marinhas contêm substâncias biologicamente ativas com capacidades antioxidantes.

Aumentar a capacidade de sobrevivência dos peixes em ambientes de aquicultura sob hipoxia (níveis reduzidos de oxigénio) através da incorporação de macroalgas marinhas Gracilaria e Ulva nas rações dos peixes, é um dos objetivos do estudo elaborado por Leonardo Magnoni e Rodrigo Ozorio, investigadores no CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto.

Usando como modelo a dourada (Sparus aurata), uma espécie importante em termos de produção total de aquacultura no sul da Europa, o estudo avaliou os efeitos da suplementação dietética dos peixes em condições de hipoxia, quando alimentados com duas espécies de algas tratadas termicamente.

Os resultados demonstraram que a taxa de sobrevivência destes peixes, quando sujeitos a níveis reduzidos de oxigénio, aumentou significativamente em comparação com os peixes alimentados com uma ração sem algas. Em simultâneo e através da análise de bioindicadores de stresse, verificou-se ainda um aumento das capacidades antioxidantes nos peixes alimentados com algas.

Para os investigadores do CIIMAR estes resultados “sugerem que o uso de macroalgas marinhas na dieta da dourada de aquicultura apresenta-se como uma perspectiva muito interessante, especialmente porque permite o aumento das suas defesas naturais e uma possível melhoria do bem-estar do animal”.

As práticas intensivas de aquicultura envolvem a criação de peixes em altas densidades, ficando estes expostos a níveis reduzidos de oxigénio, o que poderá aumentar a sua mortalidade como resultado do aumento do stresse. “As macroalgas marinhas contêm substâncias biologicamente ativas com capacidades antioxidantes pelo que recentemente começaram a ser incluídas em alimentos para animais. Por outro lado, as macroalgas são também componentes-chave em aquicultura IMTA (aquacultura multitrófica integrada) na remoção de matéria orgânica resultante dos efluentes produzidos pela piscicultura”, referem Leonardo Magnoni e Rodrigo Ozorio.

As algas selecionadas para este estudo são produzidas comercialmente na ALGAplus (Ilhavó, Portugal), em sistemas de aquicultura multitrófica integrada (IMTA). “Os resultados são otimistas, mas há entretanto ainda muito trabalho a ser executado para esclarecer a natureza dos compostos bioativos que poderão ser adicionados à ração de peixe”, referem os investigadores.