Quem passa pelas arcadas da Reitoria da Universidade do Porto já viu o monumento, com toda a certeza. Mas saberá o que simboliza? Uma figura feminina, coberta por um véu, segura uma folha de palma. No pedestal, há uma dedicatória gravada em latim: “aos filhos da Universidade tão depressa arrebatados pela Pátria a uma vida de sabedoria e esperança”.

Encomendada na década de 1940 ao ourives, medalhista e escultor João da Silva, a figura granítica é uma homenagem da Universidade aos seus estudantes mortos em combate durante a I Guerra Mundial.

A história deste memorial é apenas uma das muitas histórias que poderá conhecer no próximo dia 18 de abril, durante a visita guiada ao edifício histórico do Universidade do Porto que se realiza no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.

De participação gratuita, mas sujeita a inscrição prévia através do email [email protected], a visita tem início às 17h00, na fachada sul, à Cordoaria, do edifício que se ergue no antigo Campo do Olival, e que levou todo o séc. XIX (e quatro projetos) a adquirir o aspeto que lhe conhecemos. Por dentro, foi-se (e vai-se) readaptando às necessidades de cada tempo.

Laboratório Ferreira da Silva (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

A visita começa, então, pelo Laboratório Ferreira da Silva que, para além da associação ao nome do distinto químico português, professor e investigador, também nos dá testemunho de uma outra instituição de referência na cidade do Porto: o Laboratório Médico Professor Alberto de Aguiar.

Fundado em 1897, era, ao completar 100 anos, o mais antigo laboratório em atividade na Península Ibérica. Aliou a função à qualidade estética dos frisos, painéis e medalhões de azulejos que decoravam as salas de trabalho, confiados pela família de Alberto Aguiar à Universidade do Porto. Um dos medalhões, de resto, era dedicado a Ferreira da Silva. Marisa Monteiro, curadora de instrumentos científicos do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto, explica-lhe o resto da história.

Na segunda parte da visita continuaremos a explorar o património histórico e artístico do edifício, incluído no Centro Histórico da cidade do Porto, classificado como Património Mundial. Depois de uma paragem no memorial evocativo dos estudantes mortos na I Grande Guerra, segue-se viagem pelas “entranhas” do edifício. Vai valer a pena ver de perto o busto de Francisco Gomes Teixeira, o primeiro Reitor, da autoria do mestre Teixeira Lopes e, nas paredes laterais, admirar os grandiosos óleos de José Maria Veloso Salgado, representado “A Matemática” e as “Ciências Físico-naturais”.

Óleos de Veloso Salgado.

No piso nobre, é tempo de entrar nas galerias de retratos do Salão Nobre e da Sala do Conselho, para contar histórias sobre os homens e as mulheres que moldaram a ciência, o conhecimento e a nação, tal qual a conhecemos. A visita não terminará sem conhecermos o Auditório Ruy Luís Gomes e a nova Galeria de Retratos dos Doutores Honoris Causa pela Universidade do Porto, inaugurada a 22 de março de 2022, nas comemorações dos 111 anos da Instituição.

Esta visita será orientada por Susana Barros, licenciada em História de Arte e pós-graduada em História Moderna e Contemporânea e História da Cidade do Porto pela FLUP.

A Casa-Museu Abel Salazar oferece uma visita gratuita, às 11h00, no dia 18 de abril.

Casa-Museu Abel Salazar

Também a Casa-Museu Abel Salazar, em São Mamede Infesta (Matosinhos), se vai associar a este Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, com uma visita gratuita, às 11h00, orientada pela coordenadora executiva da Casa-Museu Abel Salazar à sua exposição permanente.

Abel de Lima Salazar foi cientista, professor, investigador, divulgador de ciência e artista plástico. Lecionou e investigou na Faculdade de Medicina e na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Os seus últimos 25 anos de vida foram passados na que é agora a Casa-Museu Abel Salazar. Na exposição permanente da casa, além da coleção de pintura, desenho e gravura, são encontrados utensílios e escritos científicos de Abel Salazar, assim como peças de mobiliário originais da casa.

A Casa-Museu restitui o ambiente familiar do patrono, mediante objetos pessoais e retratos, assim como testemunhos da atividade do pesquisador, pedagogo e divulgador de intervenções cívicas, através de cartas, manuscritos, provas tipográficas, jornais e revistas onde colaborou.

A visita prolongar-se-á pelo jardim, onde está o Pavilhão Calouste Gulbenkian e a exposição de Matinha Maia, Anatemnõ, que encerra o ciclo “O desenho contemporâneo em diálogo com a obra de Abel Salazar” com curadoria de Sílvia Simões.

A participação é gratuita, basta aparecer, mas se preferir poderá fazer a inscrição para [email protected].

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios foi instituído em 18 de abril de 1982 pelo Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS) e aprovado pela UNESCO. Tem por objetivo alertar a consciência pública para a diversidade do património, a sua vulnerabilidade e os esforços necessários para a respetiva conservação.

Com esta iniciativa, o ICOMOS pretendeu criar um marco comemorativo do património de cada país que celebre, também, a solidariedade internacional em torno da salvaguarda e da valorização do património mundial.