expo_detalhar_300_200Até dia 17 de junho, a Biblioteca da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) tem em exposição um conjunto de 24 fotografias aéreas da autoria de Francisco Piqueiro, professor do Departamento de Engenharia Civil (Secção de Hidráulica) e erdadeiro apaixonado por fotografia. Foi aos 16 anos que tudo começou, “coincidente com o início de uma relação quase irracional com a aviação”, admite. “A fotografia aérea surge com o prazer do voo, com o encantamento da perspetiva aérea, e com a ingénua ideia de o hobby da fotografia de aviação se poder pagar a ele próprio”, confessa o professor da FEUP.

Ao longo dos anos, Francisco Piqueiro percorreu Portugal de lés-a-lés e registou momentos únicos. O espólio fotográfico chega às 50 mil imagens. Todas elas aéreas. Esta particularidade implica necessariamente um domínio bastante pormenorizado de questões de voo como o planeamento, o estudo da meteorologia e toda a segurança envolvida neste tipo de operação aérea, além dos procedimentos estritamente fotográficos e que implicam a escolha do equipamento mais adequado, a melhor técnica, as perspetivas e o enquadramento que se quer registar.

“A minha experiência com a Porto 2001 e o Metro do Porto, deu-me uma perspetiva da grandiosidade do espaço transformado pelo homem. Quer num simples registo documental quer na procura de imagens de detalhe”, esclarece Francisco Piqueiro.

A possibilidade de mostrar alguns destes momentos através de uma exposição começou a ser equacionada há algum tempo. Começou na FEUP mas a ideia será levá-la “ao maior número de locais possível”. Para Francisco Piqueiro esta exposição “pretende, pela representação de detalhes da paisagem, nos quais o detalhe e a definição das imagens é levada ao máximo hoje em dia possível, constituir imagens do tipo “fine-art” onde a sua observação não seja de caráter factual e graficamente explicativa, mas onde o observador se interrogue sobre a imagem. As pequenas legendas apostas pretendem que, posteriormente, o observador seja confrontado com a realidade que foi fotografada, quer pelo seu significado quer pela sua localização”.

E qual foi o momento mais arriscado, até agora, nesta vida de fotógrafo dos céus? O professor apressa-se a esclarecer que “arriscado” não será a formulação mais correcta, uma vez que o termo pressupõe algo inusitado ou imprevisto, e que não é compatível com as questões de planeamento e segurança necessárias ao voo. Mas sim, houve algumas situações singulares…como por exemplo fotografar a Barra de Alvor, a 2000 metros de altura, sem porta, debruçado para fora do avião possa encaixar nesta categoria. Muito recentemente, num voo sobre um parque eólico na zona da Lousã, “o vento era de tal modo forte e turbulento, que o voo foi realmente um martírio, mas o trabalho tem de ser realizado. Seguir a linha do Metro entre Porto e Póvoa, de modo continuo e sempre com o helicoptero de lado, é fisicamente muito desgastante, pela posição incómoda mas simultaneamente uma prova de pilotagem de excelência dos pilotos”, admite Francisco Piqueiro.

Sobre lugares no mundo que gostaria de fotografar o professor da FEUP começa por dizer que “é muito difícil responder”. Mas atira que “perder-se” pela Nova Zelândia ou pela índia, por exemplo, fazem parte do seu imaginário. “Todos os lugares serão interessantes e esta exposição é prova disso e esse é o maior desafio. Quando uma das imagens expostas é de uma ETAR e se pretende dar um aspeto esteticamente agradável…”

A exposição vai estar patente até ao próximo dia 17. A entrada é livre.