São duas exposições, com mais de 60 fotografias que, de Nova Iorque a Tóquio, exploram o universo punkUp yours | Tokyo punk & japanarchy today resulta de um trabalho de mais de cinco anos de documentação na capital japonesa, ao passo que Sub Culture Club | Documenting street in London, Los Angels & Tokyo revela-nos um olhar sobre estas comunidades em cidades como Londres, Los Angeles e Nova Iorque. Para visitar na Casa Comum (Reitoria) da Universidade do Porto até 31 de agosto.

O berço do punk inglês

“We are Fuking Angry”, “Don’t submite – Subvert” ou Whoever they vote for, we are ungovernable!” são algumas das frases que vemos, em cartazes ou fanzines fotografados por Chis Low, um britânico que, tendo nascido na década de 1970, tem uma história que se confunde com a do próprio punk britânico.

“Incubadora” de bandas como os The Clash ou os Sex Pistols, Camden Town é um famoso bairro londrino, também conhecido por ser o berço do movimento punk. Não admira, por isso, que, tendo nascido aqui, Chris Low tenha descoberto o punk antes mesmo da adolescência. Começou a ir a concertos no final dos anos 1970 e com onze anos de idade já participava de fanzines anarcho punk, tendo publicado três números da Guilty or What?

Desde o início dos anos 1980 que fotografa, toca bateria e faz tournées com bandas como Asylum, The Apostles, Oi Polloi, The Parkinsons, Quango e Part1.

A “era daninha” que floresce

Chris Low decidiu fotografar a “cena punk em Tóquio” por considerar que, em toda a sua experiência,  é “a mais excitante e vibrante” de todas as que já tinha conhecido. “É uma cultura que floresce perante a sociedade japonesa tradicionalmente conservadora e que existe de acordo com a ética original do punk DIY (Do It Your Self): Feita por Punks e para Punks!” O facto de ter tocado em bandas punk bastante populares em Tóquio, abriu-lhe portas e permitiu-lhe ter um acesso privilegiado a lugares e circuitos e alternativos.

O músico e fotógrafo encontra alguns pontos de convergência com o punk ocidental (a estética dos moicanos,  dos casacos cravejados de metais, o recurso ao preto utilitário dos anarco-punks), sendo que os japoneses demonstram as suas influências através de pinturas nas suas mangas dos casacos de couro.

Tal como aconteceu noutras localidades, também no Japão, surgiram subgéneros punk, com mutações, como o D-Beat ou as bandas Young, Loud, Pissed & Proud de Pogo Punk.

Isto é punk – não um calendário Pirelli

Chris Low afirma que a comunidade punk no Japão assume a sua “oposição anarquista face à autoridade e ao Governo. É um modo de vida com o seu próprio sistema de crenças, bem como gostos musicais”. Por tudo isto quis retratar esta comunidade “como realmente é, em toda a sua exuberância e diversidade e através de uma lente objetiva”. Daí que, “quem procura fotografias bonitas, perfeitamente filmada, procure em outro lugar. Isto é punk – não um calendário Pirelli!”

No terreno, o fotógrafo foi-se apercebendo de que, contrariamente ao gesto com que era “recebido” pelos punk britânicos, que lhe erguiam o dedo médio, no Japão notou a frequência com que, estando de câmara na mão, lhe faziam o sinal em V. “Algo que já não se vê na Grã-Bretanha. Não sei se os punks japoneses o adotaram por terem sido criados em fotos icónicas dos Sex Pistols, mas é algo que acho bastante arcaico e cativante”.

Entre outras publicações, o músico e fotógrafo também escreve regularmente para a revista Vice e produz artigos para livros sobre o movimento punk. Continua a ser DJ em todo o Japão, América e Europa.

Keep it Simple Make it Fast

Focada nas subculturas, Keep it Simple Make it Fast (KISMIF) é uma plataforma que, desde 2014, abrange conferências, concertos, cinema e exposições de fotografia. E foi neste contexto que Up yours | Tokyo punk & japanarchy today e Sub Culture Club | Documenting street in London, Los Angels & Tokyo viajaram até à Casa Comum, ao edifício histórico da Reitoria da U.Porto.

A exposição está patente ao público até 31 de agosto. A entrada é livre.