“Ganhar esta bolsa vai permitir trazer a investigação para mais perto dos doentes”. É desta forma que Daniel Guimarães de Oliveira, estudante do 3.º ano do Programa Doutoral em Ciências Médicas no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS) e médico especialista em medicina interna, resume a conquista da primeira edição da Bolsa de Doutoramento Nuno Grande (BDNG), no valor de 25 mil euros.

O projeto premiado pretende alargar o estudo em áreas inovadoras de investigação, como a exaustão celular e a disbiose intestinal, aos doentes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), com o objetivo principal de procurar mecanismos para melhorar a vida dos doentes.

O objetivo do nosso trabalho, nesta fase, passa por tentar dar uma resposta a uma questão central na vida de quem sofre de LES – porque é que tive uma exacerbação agora? Quando terei outra? E como será dessa vez?”, refere Daniel Guimarães de Oliveira, que está a desenvolver parte da sua investigação no âmbito do grupo de investigação em «Immunobiology» do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (i3S).

Para o médico internista, ter a possibilidade de dar respostas mais preditivas seria uma enorme felicidade. “O Lúpus é uma doença muito heterogénea, o que coloca um grande peso de dúvida e de incerteza nos doentes (e de quem deles cuida também). Se conseguirmos aproximar-nos de uma resposta que possa contribuir para reduzir esse peso, eu seria, sem sombra de dúvida, um médico mais feliz”, diz.

Segundo o jovem investigador, a importância da Bolsa de Doutoramento Nuno Grande reside na possibilidade que oferece de aproximar a investigação médica da prática clínica: “o grande desafio de quem faz investigação fundamental e translacional é que a dádiva dos doentes que aceitam participar e o esforço da equipa de investigação se traduzam em resultados palpáveis para melhorar os cuidados de quem sofre de doença. O percurso para lá chegar é longo, tem custos monetários importantes e não é garantido”, alerta Daniel Guimarães de Oliveira.

Nesta fase, a bolsa vai permitir ao estudante “consolidar o projeto e a equipa, de forma a avançar na direção de obter respostas para os nossos doentes”.

Sobre a Bolsa de Doutoramento Nuno Grande

A Bolsa de Doutoramento Nuno Grande, uma iniciativa da família do histórico médico, professor e fundador do ICBAS, do próprio Instituto e da Fundação BIAL, à qual Nuno Grande esteve ligado mais de 20 anos, foi lançada no âmbito das comemorações da Figura Eminente 2022 da Universidade do Porto.

A iniciativa tem por objetivo apoiar os trabalhos de investigação nas áreas das Ciências Fundamentais, nomeadamente aqueles que visam promover a aquisição de competências académicas diferenciadoras para o ensino da Medicina nos médicos que, colaborando no ensino, estejam ou pretendam desenvolver os seus estudos no âmbito do Programa Doutoral em Ciências Médicas ministrado no ICBAS.

Henrique Cyrne Carvalho, diretor do ICBAS e membro do júri, explica que esta bolsa personifica a visão do Professor Nuno Grande: “uma visão de uma formação superior abrangente, sem limites definidos, que permitisse abrir horizontes e traçar novos caminhos. Esta bolsa é a representação disso mesmo: a prática médica, em estreita colaboração com o ensino e com a investigação, como única forma de benefício coletivo”.

Foram ainda membros do júri o subdiretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Francisco Cruz, o subdiretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), Henrique Girão, a diretora da Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve (FMCB-UAlg), Isabel Palmeirim e o presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho (UM-UM), Jorge Correia Pinto.

A 1.ª edição da Bolsa de Doutoramento Nuno Grande será entregue na sessão solene do Dia do ICBAS, agendada para o próximo dia 5 de maio.