(notícia atualizada a 1 de outubro de 2020)

A Universidade do Porto vai arrancar, esta quinta-feira, 24 de setembro, com a realização de testes serológicos para avaliar a presença de anticorpos associados ao SARS-CoV-2 nos estudantes da instituição que se voluntariarem para o efeito. Trata-se da segunda fase do ambicioso programa que tem como objetivo aferir o grau de exposição da comunidade académica ao novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19.

Numa primeira fase, a iniciativa vai abranger os estudantes inscritos em cursos da U.Porto ligados ao ensino clínico. Entre eles incluem-se todos os estudantes dos cursos de Mestrado Integrado em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e da Faculdade de Medicina (FMUP), do Mestrado Integrado em Medicina Dentária da Faculdade de Medicina Dentária (FMDUP), do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia (FFUP), do Mestrado Integrado em Psicologia da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (FPCEUP) e do 5.º ano de Medicina Veterinária do ICBAS.

A realização do teste está sujeita a um agendamento prévio, neste momento disponível apenas aos estudantes incluídos nesta primeira fase. O programa será alargado depois aos restantes estudantes da U.Porto, em data a anunciar brevemente.

Os testes são voluntários e gratuitos, decorrendo de segunda a sexta-feira (dias úteis), entre as 9h00 e as 18h45, no edifício histórico do ICBAS, junto ao Hospital de Santo António (Largo Abel Salazar, 2).

Em que consiste o teste?

À semelhança do que aconteceu com os funcionários docentes e não docentes, os testes serão liderados pelo Instituto de Saúde Pública da U.Porto (ISPUP) e consistem na análise de uma gota de sangue – recolhida através de uma picada no dedo – que, em cerca de dez minutos, “diz” se a pessoa já produziu anticorpos  específicos para o vírus (das classes IgM e IgG ), e, no caso de resposta afirmativa, se a infeção é recente ou antiga.

Será ainda aplicado um breve inquérito epidemiológico para avaliar a possibilidade de contacto com casos suspeitos ou confirmados de COVID-19.

A recolha e processamento das amostras serão realizados por médicos, enfermeiros e técnicos do ISPUP. Os resultados dos testes são confidenciais e comunicados apenas ao próprio estudante.

Trabalho em curso

Num primeiro momento, os testes serológicos à comunidade da U.Porto tiveram lugar entre 1 de junho e 10 de julho e abrangeu 3461 trabalhadores docentes e não docentes.

Os primeiros resultados indicaram que apenas 32 (0,9%) terão estado em contacto com o vírus e apresentam anticorpos da classe IgG (anticorpos de maior duração, que o organismo começa a produzir após a resposta imunitária inicial, feita com anticorpos da classe IgM, indicativos de uma infeção recente), os mais importantes para avaliar uma possível – ainda que não comprovada – imunidade ao novo coronavírus.

Como explicou o Reitor da U.Porto no arranque do projeto, “a nossa intenção é tirar uma fotografia desta população agora, mas ir repetindo essa fotografia ao longo do ano, para perceber como é que a comunidade evoluiu e se foi adquirindo imunidade ao vírus”.

Também o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), Manuel Heitor, já elogiou por diversas vezes a decisão da Universidade em avançar com a realização de testes serológicos no seio da comunidade académica, considerando-a não só “inédita a nível académico”, como merecedora de “ser replicada nas outras instituições do país”