O projeto inSIGHT, coordenado pela investigadora Ana Luísa Neves, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do CINTESIS, vai avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 na adoção de tecnologias digitais nos cuidados de saúde primários, a nível internacional.

“A pandemia alterou abruptamente a realidade dos cuidados primários. Em poucas semanas, os médicos foram desafiados a transitar das consultas cara a cara para soluções digitais, como o telefone, vídeo e tecnologias online. Queremos saber qual é o impacto dessa transição”, explica a também investigadora do Imperial College London.

A partir do dia 1 de junho, o grupo irá ouvir os médicos dos cuidados de saúde primários através da aplicação de um questionário online. De forma anónima e confidencial, os participantes são convidados a responder a questões sobre adoção de tecnologias digitais antes e durante a COVID-19 e perspetivas sobre o futuro pós-pandemia.

Segundo Ana Luísa Neves, “o objetivo é conhecer as perspetivas dos médicos de família e clínicos gerais que exercem a sua atividade nos cuidados de saúde primários durante a pandemia. Acreditamos que devemos ouvir a sua experiência para identificarmos as principais lições a aprender para o futuro”.

Digital pode melhorar eficiência e segurança do doente

A investigadora, docente e médica de família acredita que “as tecnologias digitais têm o potencial de melhorar a eficiência e a segurança do doente e de reduzir as desigualdades em saúde, ao aumentarem o acesso aos cuidados”. Contudo, representam também uma “nova forma de relação entre médico e doente” e levantam desafios como o da alocação de recursos, melhoria das infraestruturas, formação e apoio técnico, criação de regras e regulação, entre outros.

“Temos um imperativo ético de aprender com esta nova realidade e de usar as oportunidades que temos para melhorar os cuidados que prestamos”, remata Ana Luísa Neves.

Liderado pelo Institute of Global Health Innovation (IGHI), este estudo envolve uma equipa de mais de 20 investigadores de 16 instituições parceiras, incluindo a FMUP. Entre os países envolvidos estão, para já, Portugal, Austrália, Brasil, Croácia, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Israel, Itália, Espanha, Suécia, Reino Unido, Turquia, Singapura e Estados Unidos da América.