Avaliar e comparar o estado inflamatório e a resolução da inflamação em doentes infetados com o novo coronavírus. É o objetivo de um projeto da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que espera conseguir melhorar a estratificação de risco nos doentes e permitir um diagnóstico precoce dos indivíduos mais vulneráveis.

“A desregulação inflamatória é uma componente importante da COVID-19, e que contribui para o desenvolvimento da síndrome de dificuldade respiratória aguda, para a falência de vários órgãos e para a morte nos casos mais graves da doença.” Por esse motivo, a equipa coordenada por António Albino Teixeira, investigador e professor catedrático da FMUP, irá avaliar se a tempestade de citocinas provocada pela COVID está associada à diminuição da resolução da inflamação.

Como explica António Albino-Teixeira, “a hiperinflamação pode resultar de uma falha dos mecanismos de resolução da inflamação, que envolvem mediadores que limitam ativamente o processo inflamatório e promovem a regeneração dos tecidos”. Neste projeto, os investigadores da FMUP vão tentar perceber o que faz com que estes doentes tenham uma inflamação tão agressiva e o porquê de não se verificar a sua resolução pelo organismo.

Adicionalmente, este trabalho vai permitir identificar novos alvos terapêuticos e o reconhecimento dos tratamentos mais eficazes para combater a desregulação inflamatória e a falência multiorgânica.

Com um financiamento de 40 mil euros, este é um dos 55 projetos contemplados – 12 dos quais liderados por investigadores da Universidade do Porto – na segunda edição da linha de apoio à investigação e desenvolvimento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Recorde-se que a iniciativa “RESEARCH 4 COVID-19” foi criada com o objetivo de melhorar a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) no combate à pandemia.

O projeto da FMUP, intitulado Unresolved inflammation and endothelitis in severe Covid-19 patients: identification of risk stratification biomarkers and therapeutic targets, irá ainda contar com a colaboração do Centro Hospitalar Universitário de São João, da Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.