Com o objetivo de avaliar as implicações da pandemia na vida diária das pessoas em todo o mundo foi lançado há cerca de seis meses um inquérito mundial denominado «Life with Corona» que, em Portugal, tem como parceiro o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S). Os primeiros resultados, obtidos a partir de 12 mil respostas provenientes de mais de 130 países, foram recentemente divulgados e revelaram importantes diferenças culturais e geracionais.

Os dados obtidos permitiram concluir que o stress familiar durante a pandemia tem recaído, de forma desproporcional, nas mulheres, que as pessoas idosas se preocupam menos com o novo coronavírus e que os americanos querem ter prioridade no acesso a uma vacina.

«O coronavírus mudou a vida e a subsistência de bilhões de pessoas em todo o mundo, com uma velocidade e força sem precedentes. Não se trata apenas de uma pandemia médica, é também uma pandemia social», justifica, em comunicado, Tilman Brück do ISDC – Centro de Segurança e Desenvolvimento Internacional e do Instituto Leibniz, que iniciou este inquérito.

«As nossas vidas estão a mudar rapidamente, fundamentalmente e permanentemente. Estão a surgir novos focos de conflitos dentro das famílias, entre gerações e entre países. Mesmo que derrotemos o vírus em breve, o seu legado moldará as nossas sociedades durante muito tempo. Queremos documentar essas mudanças em tempo real», acrescenta Wolfgang Stojetz, do ISDC – Centro Internacional de Segurança e Desenvolvimento, responsável pela análise de dados do inquérito «Life with Corona».

“Gravar” o humor dos cidadãos de todo o mundo

A iniciativa do «Life with Corona» partiu de uma equipa de investigadores internacionais da área das ciências sociais, nomeadamente do ISDC – Centro de Segurança e Desenvolvimento Internacional, do Instituto Mundial de Investigação em Economia do Desenvolvimento da Universidade das Nações Unidas (UNU-WIDER), do Instituto Leibniz de Culturas Vegetais e Ornamentais (IGZ) e do Instituto de Estudos de Desenvolvimento (IDS ). Para além do i3S, o projeto contou com a participação de instituições e organizações de vários países.

O objetivo dos investigadores passa então por «gravar» as vozes e o humor dos cidadãos todo o mundo durante este período invulgar de pandemia. Sem fins lucrativos, e baseado em métodos académicos rigorosos, o projeto deverá fornecer dados relevantes para apoiar respostas socioeconómicas sustentáveis ​​à pandemia COVID-19.

Inquérito prossegue

Mas a pandemia continua e há ainda muitas implicações para apurar. Por isso, no dia 1 de outubro foi lançada a segunda fase do inquérito. O objetivo é precisamente chegar a um maior número de pessoas em todo o mundo e obter dados mais globais sobre o impacto do COVID-19 a nível social e económico.

Os investigadores apelam, por isso, aos cidadãos para, em nome da Ciência, partilharem as suas experiências.

Os interessados podem aceder e responder ao inquérito aqui.