Numa altura em que a epidemia de um novo coronavírus monopoliza as preocupações mundiais, o investigador Agostinho Antunes, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP) entende como “plausível” a origem da transmissão a partir do pangolim, conforme sugerido por uma equipa de investigadores da Universidade Agrícola do Sul da China e do Laboratório de Ciência e Tecnologia Agrícola Moderna Lingnan, na província de Guangdong

A viagem do novo coronavírus até ao homem poderá ter começado no morcego como foi sugerido até agora, mas terá passado para o pangolim e só depois ter chegado até ao ser humano. Esta é a ligação proposta depois de a equipa de cientistas chineses ter anunciado que encontrou uma estirpe de um vírus no pangolim que terá 99% de semelhanças genéticas com o novo coronavírus que está a infetar os humanos.

Sabendo que o pangolim é um animal que é consumido como iguaria na China e sendo as suas escamas utilizadas para fins medicinais, Agostinho Antunes, investigador responsável pela equipa de Genómica Evolutiva e Bioinformática do CIIMAR e um dos responsáveis pela descodificação do genoma dos pangolins, arrisca dizer que esta ligação “é uma hipótese plausível”.

Agostinho Antunes estudou durante mais dez anos o genoma do pangolim, o qual ajudou a descodificar. (Foto: DR)

Em declarações ao jornal Público, o investigador, que conta com mais dez anos de investigação no genoma do pangolim, adverte, contudo, para as “incertezas” que ainda permanecem. Afinal, a mesma ligação (entre o pangolim e os humanos) foi sugerida no caso da SARS (síndrome respiratória aguda grave) em 2003 e acabou por se provar que, afinal, esse coronavírus tinha sido transmitido aos humanos directamente a partir do morcego.

Depois de ter sido decretado o estado de emergência de saúde pública internacional pela Organização Mundial de Saúde devido ao novo coronavírus, torna-se essencial perceber de que forma é feita a transmissão para o ser humano. Conhecer o hospedeiro intermediário pode revelar-se um passo importante para a prevenção e controlo do surto.