O “ponto de encontro” está marcado para dia 7 de abril, às 19h00, no Mosteiro de São Bento da Vitória. Os “convidados de honra” deste final de tarde serão Charles Avison, Francisco Martins, Antonio Vivaldi e Bach. Quem vai agarrar o legado que deixaram e reinterpreta-lo ou, por outras palavras, os artesãos que vão trabalhar este património coletivo serão os elementos do Coral de Letras da Universidade do Porto, acompanhado pela Orquestra Barroca do Douro.

Começamos por um estilo de transição entre o período barroco e o clássico. Charles Avison nasceu em Newcastle, no Reino Unido. Era um autor controverso, sem receio de expressar a suas ideias, através de uma forma elabora e com sentido de humor. As composições mais conhecidas de Avison são os seus “concerti grossi”. Alguns foram baseados em obras existentes do compositor italiano Domenico Scarlatti. O que vamos ouvir? Precisamente o Concerto grosso nº 5, segundo Domenico Scarla.

Francisco Martins, nascido em Évora, foi um compositor português do período do Renascimento. Mestre de Capela da Catedral de Elvas, escreveu música sacra “A Capella”, onde se destacam um “Livro de Vésperas” e um “Livro de Quaresma”. Vamos ouvir: Resp I – Omnes Amici Mei; Resp II – Velum Templi e Resp. III – Vinea Mea. Os Responsórios serão cantados “a capella” pelo Coral e as peças que os intercalam serão interpretadas pela Orquestra.

Voltamos ao barroco e, desta vez, damos um saltinho até Itália. Nascido em Veneza, compôs mais de 700 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas. É principalmente conhecido por seus quatro concertos para violino e orquestra denominados Le quattro stagioni (“As Quatro Estações”). Falamos de Antonio Lucio Vivaldi, claro está. Vamos ouvir a sinfonia Al Santo Sepolcro RV 169.

De Francisco Martins vamos ouvir ainda Resp IV – Tanquam ad latronem; Resp V – Tenebrae factae sunt; Resp VI – Animam mea; Resp VII – Tradiderunt me; Resp VIII – Jesum tradidit e Resp IX – Caligaverunt

Altura para voltar a afinar a voz e reorientar a bussola para norte. Agora até terras da Alemanha. Foi um compositor, cravista, regente, organista, professor, violinista e violista. Produziu uma das bases do atual repertório de concertos e para muitos críticos é um dos maiores compositor de sempre. Vamos ficar com a sinfonia da cantata Ich steh’ mit einem Fuß im Grabe BWV 15 de Johann Sebastian Bach.

Muitas das cantatas sobreviventes de Bach são sobre a morte. Tendo perdido 10 dos seus 20 filhos, Bach teve de aprender a lidar com a caracter efémero da vida.  A cantata de seis partes Ich steh mit einem Fuss im Grabe abre com um melancólico solo que Bach viria a reutilizar mais tarde no seu concerto para cravo BWV 1056. Terminamos com a Cantata Wer nur den lieben Go que depois de escrita foi frequentemente usada por compositores barrocos. A Cantata BWV 93 para Coro, Orquestra e Solistas fechará o concerto.

Com entrada livre, o espetáculo contará com a direção musical de César Nogueira (Orquestra Barroca do Douro) e de Pedro Guedes Marques (Coro de Letras da U.Porto)

Sobre o Coral de Letras

O Coral de Letras da Universidade do Porto é um coro amador, dirigido desde a sua fundação, em 1966, por José Luís Borges Coelho. A sua atividade alimenta-se do repertório a-cappella de todas as épocas e também de géneros como a cantata, o oratório e a música coral sinfónica, num leque de estilos variado.

Ao longo da sua história, o CLUP participou em inúmeros festivais, realizou centenas de concertos em Portugal e efetuou digressões por diversos países como Espanha, França, Bélgica, Luxemburgo, Holanda e Alemanha.

Em outubro de 1992, o Coral de Letras recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura.