É um recital de piano que é uma verdadeira constelação de satélites. Um bilhete que, inclusivamente, dá direito a uma viagem pelos Quadros de uma Exposição, do arquiteto e pintor russo Viktor Hartmann. Confuso? Já lá iremos. Atuou como solista numa orquestra quando tinha ainda 14 anos e …. Não mais parou. É a tocar piano que Constantin Sandu tem dado a volta ao mundo. Traz na bagagem centenas de concertos em países europeus e asiáticos e, no dia 23 de janeiro, às 18h00, vai estar na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto, para um concerto integrado na homenagem a Nuno Grande, Figura Eminente 2022 da Universidade do Porto.

A noite começa em português, que é como quem diz, com o compositor e organista Carlos Seixas, de quem Constantin Sandu foi beber três sonatas: Sol menor. Allegro; Do menor. Allegretto; Si b major. Allegro.

Depois, muda-se a latitude e o ambiente sonoro. Do músico e compositor francês Claude Debussy, começamos com três prelúdios: Feuilles mortes: Lent et mélancolique; Ondine: Scherzando e Feux d’artifice: Modérément animé. Terminamos com L’isle Joyeuse.

Um passeio pelos Quadros de uma Exposição

Após um curto intervalo, estaremos de volta com o trabalho de outro compositor de quem Claude Debussy era um admirador confesso. Vamos entrar no universo criativo de um militar russo que era também compositor, conhecido pelas suas criações sobre a história da Rússia medieval. Falamos de Modest Mussorgsky.

E é agora que lhe pedimos que se entregue a um exercício de elasticidade plástica. Que se imagine a visitar os Quadros de uma Exposição. É uma peça, escrita para piano por Modest Mussorgsky em junho de 1874, como homenagem a Viktor Hartmann, recentemente falecido. Após a visita a uma exposição do amigo, numa galeria de São Petersburgo, Mussorgsky escolheu dez quadros e compôs uma música para cada um deles. Uniu as várias partes da peça através de um tema comum (“Promenade”).

São músicas que exploram a corrente folclórica russa, com uma sonoridade à qual não faltará uma certa austeridade. Vamos, então, ao alinhamento do “passeio”? Promenade – Introdução – Allegro giusto, senza allegrezza, ma poco sostenuto; Gnomus (Gnomo) – Sempre Vivo; Promenade (Passeio) – Moderato comodo assai e con delicatezza; Il Vecchio Castello (O Castelo Medieval) – Andante molto cantabile e con dolore; Promenade (Passeio) – Moderato non tanto, pesamente; Les Tuileries (Tulherias) – Allegretto non troppo, cappricioso; Bydlo (Carro de Bois) – Sempre moderato, pesante; Promenade (Passeio) – Tranquillo; Ballet des Petits Poussins dans leurs Coques (Balé dos Pintainhos em suas Cascas de Ovos) – Scherzino; Samuel Goldenberg et Schmuyle – Andante grave, energico; Promenade (Passeio) – Allegro giusto, nel modo russico, poco sostenuto; Limoges, Le Marché (O Mercado em Limoges) – Allegretto vivo, sempre scherzando; Catacombae, Sepulcrum Romanum (Catacumbas, Sepulcro Romano) – Largo; Cum Mortuis in Língua Mortua (Com os Mortos em Língua Morta) – Andante non troppo, com lamento; La Cabane de Baba-Yaga sur de Pattes de Poule (A Cabana de Baba-Yaga sobre Patas de Galinha) – Allegro com brio, feroce; Andante mosso. Allegro molto; La Grande Porte de Kiev (A Grande Porta de Kiev) – Allegro alla breve. Maestoso. Con grandezza.

O concerto é de entrada livre, ainda que limitada à lotação da sala.

Sobre Constantin Sandu

Docente na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), Constantin Sandu cresceu sob a influência de mestres romenos – Sonia Ratescu, Constantin Nitu e, posteriormente, Constantin Ionescu-Vovu no Conservatório Superior de Musica “C. Porumbescu” de Bucareste – e de outras individualidades marcantes – Sequeira Costa, Dimitri Bashkirov, Helena Sá e Costa e Tânia Achot.

Tocou em famosas salas de concerto (Ateneul Roman – Bucareste, Estúdio de Concertos da Sociedade Romena de Radiodifusão – Bucareste, Palau de la Música Catalana – Barcelona, Sala Iturbi do Palau de la Música – Valencia, Auditorio Manuel de Falla – Granada, Sala Mozart do Auditório de Zaragoza, Fundação Calouste Gulbenkian – Lisboa, Casa da Música – Porto) e em festivais como Enescu – Bucareste, Chopin – Paris, Festival Internacional de Santander, Festival de Primavera – Sevilha, Ciudad de Ayamonte, Vara magica – Bucareste, Figueira da Foz, Guimarães e Espinho.

Coleciona prémios internacionais de diversos concursos: Senigallia – Itália, 1980 (2º), Viotti-Valsesia – Itália, 1981 (1º), Paloma O’Shea Santander – Espanha, 1984 (Menção honrosa), Epinal – França, 1985 (2º) e Maria Canals Barcelona – Espanha, 1985 (Prémio especial Alberto Mozzatti).

De acordo com o Piano Journal (Reino Unido), “a sua personalidade sensível permite-lhe realizar uma interpretação muito pessoal e autêntica”. É um “músico de indubitável personalidade, (…) um magnífico sentido de cor e de ritmo, acompanhado por um inegável virtuosismo”, diz-nos o Diario de Sevilla (Espanha).

Já o ABC (Espanha), afirma que se trata de “um pianista soberbo, (…) um colorido e uma delicadeza magistrais, (…) mestria irrepreensível. Esmagador”. É um “general exibindo-se à frente das suas tropas, a orquestra sinfónica de Bodensee”, escreve L’Est Républicain (França), com o Corriere Valsesiano (Itália) a destacar “o toque delicado e profundo, o som quase imaterial” que “transportaram o ouvinte para uma dimensão de sonho”.