O Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Vila do Conde (CMIA) fez 15 anos no passado dia 22 de março e, para assinalar a data, estreia, em estreita colaboração com o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP), a exposição “Mangais de Macau: um tesouro costeiro” que aborda as soluções baseadas na natureza, em especial um exemplo de Macau.

A exposição, desenvolvida no âmbito dos projetos “Wetlands as Nature-based solutions for Climate Change Adaptation and Mitigation” e “Nature-based solutions for a cleaner and safer Macao” ambos com a parceria CIIMAR-UP, ficará patente até setembro de 2022 no edifício do CMIA de Vila do Conde.

“Mangais de Macau: um tesouro costeiro” foi originalmente organizada pelo Instituto de Ciência e Ambiente da Universidade de São José (ISE), no âmbito de uma colaboração com o CIIMAR. A exposição abriu ao público durante um mês no verão de 2020 e circulou pelas escolas de Macau até março de 2022.

Agora, chega a Portugal para celebrar os 15 anos do CMIA de Vila do Conde, pretendendo-se que, depois de setembro, circule também pelas escolas do município.

Esta exposição mostra o ecossistema de mangais – parte essencial do ambiente natural de Macau – através de quadros de exposição científica, fotografias, filmes e modelos interativos de tanques. O objetivo passa por evidenciar o seu potencial como “Nature Based Solution” (NBS) na perspetiva da remediação ambiental das zonas costeiras.

Os paralelismos com os ecossistemas portugueses

Apesar de Macau estar quase do outro lado do mundo e ter um clima muito diferente de Portugal, ambos são territórios costeiros e, portanto, sujeitos a pressões comuns como a poluição, erosão e o impacto das alterações climáticas. É, por isso, possível fazer um paralelismo entre ecossistemas: em Macau os mangais, e em Portugal os sapais.

“Apesar das características em termos de fauna e flora serem especificas de cada um, os dois ecossistemas têm semelhanças na suas funções”, começa por apresentar Cristina Calheiros, investigadora do CIIMAR e coordenadora do CMIA de Vila do Conde.

Entre estas funções destacam-se a proteção da costa,  a depuração da água, ação de fitorremediação, o papel como sumidouros de carbono, berçários de biodiversidade e local de reprodução para muitas espécies.

“Providenciam assim uma ampla gama de serviços ecossistémicos, não só valiosos em termos ecológicos e ambientais mas também em termos culturais e económicos” acrescenta a investigadora.

Cristina Calheiros (à esq. na foto) é investigadora do CIIMAR e coordenadora do CMIA de Vila do Conde. (Foto: DR)

A importância de uma exposição

Um dos principais objetivos da exposição em Macau foi de aumentar a consciência e curiosidade da comunidade, e encorajar os estudantes e outros membros da comunidade local a acarinharem este valioso habitat local.

De facto, a comunicação da ciência tem sido indispensável para a preservação e conservação deste tipo de habitats. Cristina Calheiros defende que, “se não for dado a conhecer o seu valor, a sua importância e o seu papel enquanto soluções-baseadas na natureza eles poderão estar sob ameaça. O efeito da sua destruição sente-se localmente mas também tem repercussões globais”.

“Mangais de Macau: um tesouro costeiro” chega a Portugal depois de ter circulado pelas escolas de Macau durante os últimos dois anos. (Foto: DR)

Tomando os mangais como exemplo, a investigadora explica que “durante muitos anos, assistiu-se a uma perda de área considerável de mangais em Macau. Neste momento, este processo está a reverter-se e está a ser reconhecida a sua importância, em parte fruto dos projetos e esforços que tem vindo a ser desenvolvidos a nível da comunidade científica. Mas este resultado só é possível com o envolvimento do governo e da população.”

Uma das principais missões dos projetos em Macau em que o CIIMAR colabora, foca-se em mostrar que os mangais são um tesouro que vale a pena proteger. A comunicação destes projetos é desenvolvida para chegar a diferente públicos, sejam escolas, população ou decisores. Para além disso, envolve diferentes abordagens desde a disponibilização de recursos educativos, conteúdos informativos, exposições interativas, ações de florestação, visitas técnicas, atividades de campo e formações ou cursos na temática.