O Corvo-marinho é predador de topo das cadeias alimentares, influencia e é influenciado pela dinâmica das comunidades de peixes.

O Corvo-marinho é um predador de topo das cadeias alimentares e influencia e é influenciado pela dinâmica das comunidades de peixes.

Uma equipa de investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) liderada por Ester Dias, descobriu que o comportamento alimentar do corvo-marinho poderá ser um bom indicador do estado e das alterações que ocorrem nos ecossistemas aquáticos.

O estudo, realizado em parceria com o IMARES (Holanda) e recentemente publicado no “Journal of Sea Research”, analisou a variação temporal da dieta do corvo-marinho no estuário do rio Minho e identificou os possíveis fatores que poderiam contribuir para esta variação.

Os investigadores verificaram que existiam diferenças na dieta do corvo-marinho ao longo do tempo e que estas estavam dependentes das flutuações do escoamento. “Com o aumento do escoamento, aumentou a abundância e frequência de peixes dulciaquícolas (e.g. carpa, tenca) na dieta do corvo-marinho. Simultaneamente, a abundância e frequência de peixes marinhos ou marinhos oportunistas (e.g. peixe-aranha, solha), diminuiu”, referiu a investigadora.

Conclui-se assim que as variações na dieta do corvo-marinho são explicadas pelo comportamento das próprias presas. Por outro lado, o comportamento alimentar do corvo-marinho, generalista (pouca seletividade alimentar) e oportunista (consome o que é mais abundante), associado a uma grande plasticidade alimentar, torna-o um excelente indicador das alterações nos ecossistemas

Os resultados obtidos neste estudo poderão ser ainda uma ferramenta útil para a resolução de conflitos entre as entidades responsáveis pela gestão dos ecossistemas e os pescadores e piscicultores, dado que se verificou que os corvos-marinhos no estuário do rio Minho não selecionam especificamente os peixes com interesse comercial, apenas capturam os peixes mais acessíveis.