A equipa do CIIMAR embarcou no navio oceanográfico norueguês Hermer Hanssen. A viagem deste navio pode ser acompanhada em tempo real através do link na imagem.

Catarina Magalhães e Maria Paola Tomasino, investigadoras do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP), integram a única equipa portuguesa da área da microbiologia a participar na mais recente edição do programa internacional de monitorização do Ártico (MOSJ – Environmental Monitoring of Svalbard and Jan Mayen), liderado pelo Instituto Polar Norueguês (NPI).

No âmbito deste projeto, a equipa liderada por Catarina Magalhães, permaneceu, durante uma semana, a bordo do navio oceanográfico norueguês Hermer Hanssen. Esta campanha oceanográfica de monitorização da zona marginal do gelo do Ártico e da área de Kongsfjorden, inicia-se na frente do glaciar Kongsvegen, em Kongsfjorden e extende-se até ao Oceano Ártico aberto, incluindo um total de 13 estações de amostragem.

O glaciar Kongsvegen está localizado a oeste de Spitsbergen, Svalbard a cerca de 1250 km a norte da Noruega continental. Este glaciar é o mais intensivamente estudado em Spitsbergen e é monitorizado anualmente desde 1987.

Desde 1990 que o glaciar Kongsvegen recua aproximadamente 3 metros por ano.

Este programa de monitorização tem como objetivo produzir uma sólida base de dados das comunidades biológicas que habitam a coluna de água, incluindo as comunidades de zooplâncton e fitoplâncton, a uma escala temporal alargada. Desde 2016 que, com a contribuição da equipa do CIIMAR, estão a ser gerados dados que nos dão informação acerca da diversidade e função das comunidades microbianas na zona marginal desta zona do gelo Ártico. Esta recolha de informação é feita através do isolamento do DNA ambiental e da utilização de técnicas de metagenómica, ou seja, o estudo do material genético recuperado diretamente a partir de amostras ambientais. Os dados recolhidos cobrem-se de elevada relevância, já que as comunidades microbianas e suas funções neste ecossistema são responsáveis pela produção os nutrientes essenciais ao crescimento do fitoplâncton de que está dependente toda a cadeia trófica do Ártico.

O projeto de monitorização, que se desenvolve há mais de 20 anos, é essencial para compreender as consequências e impactos do aumento progressivo das temperaturas no Ártico, sujeito a algumas das alterações mais drásticas do nosso planeta.