Se existiu um momento em que é crucial promover o bem-estar animal e a sua resiliência em aquacultura, esse momento é agora: um momento em que grandes alterações do contexto climático colocam estas e outras questões da produção animal, no topo das prioridades da investigação. É neste contexto que surge o IGNITION (Improving GreeN Innovation for the blue revoluTION: new tools and opportunities for a more sustainable animal farming), um projeto liderado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) e que vai mobilizar organizações de oito países europeus num esforço conjunto para testar e oferecer novas ferramentas não invasivas que irão melhorar a saúde animal e ajudar a atenuar os efeitos adversos do stress em espécies produzidas em aquacultura.

A desenvolver durante os próximos quatro anos, no âmbito do programa Horizonte Europa, o IGNITION visa promover o bem-estar e a resiliência de animais em aquacultura. O objetivo principal é desenvolver ferramentas que ajudem a mitigar os efeitos adversos das alterações climáticas em variadas especies de animais aquáticos.

“Pretendemos contribuir para mudar o setor de aquacultura, tornando-o mais sustentável e fazendo do bem-estar dos animais a nossa grande prioridade”, apresenta Benjamín Costas, investigador principal do grupo de investigação Saúde Animal e Aquacultura do CIIMAR e coordenador do IGNITION.

O consórcio IGNITION reúne parceiros de oito países europeus. (Foto Agnès Marhadour/CIIMAR)

Ciência e tecnologia ao serviço da sustentabilidade

 O crescimento exponencial da população mundial impulsiona a necessidade de proteína de alto valor nutricional, pelo que impõe grande pressão sobre a produção animal, incluindo o setor da aquacultura. O IGNITION pretende assim contribuir com novo conhecimento através de técnicas avançadas de biologia molecular que permita contribuir para o desenvolvimento de estratégias de reprodução de peixes e bivalves.

Um dos principais focos do projeto passa também por otimizar estratégias de profilaxia que possibilitem reduzir o uso de fármacos durante a produção em aquacultura e minimizar a pressão ambiental do setor. Para isso, serão testadas técnicas de imunização, em particular durante as primeiras fases de vida dos animais.

“Assegurar o bem-estar animal durante o seu ciclo de vida é por si só de extrema importância, mas resultará também na obtenção de um produto final de elevado valor nutricional e, consequentemente, irá contribuir para uma maior produtividade e sustentabilidade do setor”, aponta Benjamín Costas.

O investigador lembra ainda que “é crucial prevenir ou reduzir o impacto de doenças”. Nesse contexto, “as ferramentas desenvolvidas pelo IGNITION irão diminuir a colonização e o contágio entre animais por agentes patogénicos, incluindo microorganismos multirresistentes.”

O IGNITION vai dar especial atenção à busca de biomarcadores de saúde e bem-estar não invasivos. Uma vez detetados, estes biomarcadores serão usados para a criação de biosensores e modelos matemáticos de predição de doenças.

“O IGNITION apresenta uma estratégia multidisciplinar e fundamentalmente tecnológica, e essa é mais uma característica que faz deste um projeto tão relevante e promissor”, conclui o coordenador.

Para mais informações, visitar a página do projeto.