Investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação do Mar e Ambiente (CIIMAR) e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) avançaram recentemente com a colocação de nove recifes artificiais junto à sede do CIIMAR no terminal de cruzeiros do Porto de Leixões. Os recifes que foram produzidos por impressão 3D no âmbito do projeto europeu 3D PARE, têm como principal objetivo estudar a sua colonização por organismos marinhos.

O projeto de âmbito europeu 3D PARE (Tridimensional Artificial Reef Printing for Atlantic Area) junta em consórcio a FCUP, o CIIMAR, o Instituto Português para o Mar e Atmosfera, a Universidade da Cantábria (Espanha), a Universidade de Bournemouth (Reino Unido) e a Escola de Engenheiros de Trabalhos de Construção (França), e propôs-se a desenvolver novos recifes com formas tridimensionais, recorrendo a materiais ecológicos e a novas tecnologias de impressão em 3D.

Após uma fase de teste em pequenos protótipos, os recifes foram finalmente instalados ao largo do terminal de cruzeiros do Porto de Leixões. No total, são nove recifes experimentais, cada um com 1 metro cúbico e cerca de uma tonelada. Para a escolha do material utilizado foram testados três tipos de materiais, entre eles cimento e restos de materiais orgânicos, assim como várias formas e níveis de complexidade.

Um projeto inovador

A construção de recifes artificiais não é novidade. Nos últimos anos, governos em todo o mundo têm afundado no oceano estruturas construídas em diversos materiais e também grandes pedaços de equipamentos ultrapassados ou danificados, na esperança de que estes recifes artificiais criem habitats para peixes e outras espécies marinhas. Em Portugal registam-se, por exemplo, os recifes artificiais colocados na Madeira que também contam com a colaboração do CIIMAR.

Além dos recifes do projeto 3D PARE colocados junto ao CIIMAR, o consórcio dos vários países envolvidos também está a proceder à instalação simultânea de outros exemplares na costa das Astúrias, em Espanha, na costa da Normandia-França e na costa sul de Inglaterra. A colocação dos recifes teve a colaboração da APDL que disponibilizou o rebocador Cachão da Valeira e da empresa de mergulhadores profissionais Multisub.

Os investigadores  contaram com a colaboração do rebocador Cachão da Valeira e de uma equipa de mergulhadores profissionais. (Foto: DR)

Segundo a investigadora do CIIMAR e docente da FCUP responsável pelo projeto em Portugal, Isabel Sousa Pinto, “esta é uma oportunidade inédita, pois junta biólogos e engenheiros de vários países para a construção, implementação e avaliação da colonização das novas estruturas desenvolvidas com recurso a impressoras 3D de ultima geração”.

Estudar o fundo dos oceanos

O 3D PARE distingue-se por fazer um estudo cuidado e direcionado dos materiais, formas e complexidade permite a estas novas estruturas “serem mais bio atrativas e assim serem colonizadas por um maior número de espécies” acrescentam os membros da equipa. Além disso o projeto fará acompanhar a colocação dos recifes com um estudo biológico extensivo sobre o sucesso da implementação destas estruturas.

Após a colocação dos recifes será iniciado um plano de monitorização, que será posto em prática durante pelo menos dois anos após a sua implementação. Este trabalho revelará assim informações essenciais sobre a colonização e sucessão das diferentes espécies marinhas em relação ao ambiente envolvente, permitindo inferir sobre o efetivo sucesso das estruturas. Contudo, as imagens dos mergulhadores passadas apenas algumas horas após a colocação dos recifes já mostram os primeiros colonizadores.

Algumas horas após a sua colocação, os recifes já contavam com a “visita” dos primeiros organismos. (Foto: DR)

O projeto 3D PARE é um programa INTERREG financiado pela EU para promover a cooperação transnacional entre 36 regiões Atlânticas de 5 países Europeus e assim valorizar a interdisciplinaridade e o cruzamento de experiência e conhecimento.