O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP) vai liderar a criação do Biobanco Azul Português (BAP), um dos 10 eixos do Pacto da Bioeconomia Azul que pretende colocar Portugal na linha da frente no que diz respeito ao conhecimento e preservação dos seus biorecursos marinhos, contribuindo para a sua valorização económica.

O BAP pretende criar uma plataforma digital que permita agilizar o acesso sustentável e regulamentado à biodiversidade marinha portuguesa.

O projeto, que arrancou oficialmente no passado dia 21 de abril, deverá estar implementado até ao fim de 2025.

Um Biobanco Nacional

Segundo o presidente da direção do CIIMAR e coordenador do BAP, Vítor Vasconcelos, a ambição do Biobanco Azul Português passa por centralizar a “informação sobre a biodiversidade marinha num só local e incentivar a conservação da biodiversidade marinha, promovendo a conformidade com as regulamentações de Acesso e Compartilhamento de Benefícios (ABS) derivadas do Protocolo de Nagoya.”

O Biobanco Azul Português permitirá dar resposta às necessidades e aplicações diagnosticadas no Roteiro Nacional da Bioeconomia Azul e ao desafio do PRR – Hub Azul, Rede de Infraestruturas para a Economia Azul, destinada a implementar uma rede de biobancos de recursos marinhos nacionais.

Em suma, pretende-se uma infraestrutura dedicada e digitalizada em mapeamento e acesso, permitindo o controlo das suas utilizações e distribuição para exploração tanto comercial como científica. As aplicações são abrangentes e remetem para áreas como a alimentação humana e animal, a saúde, os biomateriais e biocombustíveis e o restauro e remediação dos ecossistemas.

Primeiros registos

A criação desta rede de biobancos permitirá otimizar o acesso aos biorecursos de diferentes tipologias que passam pelas coleções vivas de organismos, amostras preservadas, material genético ou extratos.

O trabalho anterior não ficará esquecido visto que se pretende dar espaço tanto para a criação de novas bases de dados e materiais nas instituições participantes, como proceder à organização das coleções já existentes, agilizando a sua certificação e implementando um sistema de acesso, catalogação e de gestão de qualidade. 

Numa fase inicial, o BAP integrará coleções de bactérias, fungos, micro e macroalgas, invertebrados marinhos, parasitas de peixes e moluscos, sémen e ovos de peixes de interesse comercial, das quais o CIIMAR contribuirá com três coleções: a coleção LEGE_CC, uma nova colecção de microrganismos marinhos, a CM2C – CIIMAR Microbial Culture Collection, e uma coleção de esponjas e cnidários que incluem espécimes de mar profundo atualmente em desenvolvimento.

O Pacto da Bioeconomia Azul

O Biobanco Azul Português é um dos três grandes projetos do Pacto de Inovação – designado por «Pacto da Bioeconomia Azul» -, um consórcio liderado pela Inovamar, Lda, e que abraça o desafio de fortalecer e reindustrializar as indústrias portuguesas associadas à exploração dos recursos marinhos.

Para isso, as 83 instituições nacionais envolvidas no consórcio comprometem-se a integrar soluções de biotecnologia azul nas cadeias de valor nacionais, potenciando a utilização sustentável dos biorrecursos marinhos para aumentar o valor acrescentado através da inovação neutra em carbono.

O Pacto, que conta com um investimento total de 94 milhões de euros, financiado pleo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), vai investir em setores que vão da aplicação de biomateriais até à bioinformática para o setor das Pescas.

Além do CIIMAR, que coordena a criação do BAP, fazem parte do consórcio a Universidade Nova de Lisboa, o Instituto Português do Mar de da Atmosfera (IPMA), o Instituto Gulbenkian de Ciência, a Universidade de Aveiro, o Instituto Superior Técnico, o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve e dois laboratórios colaborativos, o S2Aqua e o GreenColab.