O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) é uma das instituições parceiras do SIDESTREAM, um consórcio europeu na área da Bioeconomia Azul, que, ao longo dos próximos três anos, vai procurar produzir novos ingredientes para a aquacultura a partir da “reciclagem” de recursos até agora considerados desperdícios.

Coordenado a nível nacional pelos investigadores do CIIMAR Luísa Valente e Filipe Castro, docentes do Instituto de Ciência Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e da Faculdade de Ciências, respetivamente, o SIDESTREAM é liderado pelo Sintef Ocean da Noruega e envolve nove parceiros europeus (CIIMAR, Portugal; CSIC, Espanha; AWI, Alemanha; Projecthub360, Itália; Nofima, Biokraft e Skretting da Noruega)

Até 2024, as oito equipas de investigação envolvidas terão então como principal missão a produção de compostos de alto valor recorrendo a invertebrados e bactérias marinhas, que serão produzidos em fluxos de resíduos seguindo princípios circulares.

A aposta na Aquacultura

A aquacultura desempenha hoje um papel fundamental na produção mundial de alimentos, afirmando-se globalmente como uma importante alternativa às formas tradicionais de abastecimento de recursos naturais.

O sector da aquacultura é mesmo o maior consumidor de ingredientes de origem aquática, requerendo por isso novos ingredientes de alta qualidade nutricional capazes de garantir a expansão sustentável do setor.

Além disso, existe uma procura crescente de compostos bioativos naturais, capazes de valorizar os alimentos para aquacultura. Várias indústrias deste setor descartam subprodutos, em vez de considerá-los um recurso.

O SIDESTREAM permitirá precisamente desenvolver processos inovadores para a valorização destes subprodutos, até agora subutilizados da aquacultura, agricultura e indústrias de biogás de forma a contribuir para cenários de desperdício zero.

Até que ponto será possível reciclar nutrientes a partir de efluentes da aquacultura e agricultura por meio da produção secundária? Quais os organismos e abordagens mais adequadas? Estes organismos podem servir como ingredientes para a alimentação animal? Qual a segurança dos ingredientes assim produzidos? Qual é o potencial de mercado e a viabilidade económica dos ingredientes produzidos seguindo princípios circulares sustentáveis?

São algumas das questões que serão trabalhadas num projeto que permitirá dar o salto tecnológico e contribuir para desenvolver soluções inovadoras em prol de um objetivo em comum: a bio-produção secundária de organismos de baixo nível trófico a partir dos setores azul e verde para produzir novos ingredientes para a aquacultura europeia.

A abordagem de ponta do SIDESTREAM viabilizará assim a criação de valor a partir de recursos até agora considerados desperdícios, trazendo inovação e contribuindo para uma aquacultura sustentável.