O Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO) da Universidade do Porto está a trabalhar com a Câmara Municipal de Mértola no aproveitamento dos antigos celeiros da Empresa Pública de Abastecimento do Cereal (EPAC), abandonados há 40 anos, tendo em vista a sua transformação na futura Estação Biológica de Mértola.

Resultado de um projeto interdisciplinar único no mundo, a futura Estação Biológica terá como grande foco a investigação, no âmbito da qual está prevista a integração de residências para cientistas. Dali espera-se também que resulte a transferência de conhecimento para a economia local e soluções para os problemas do interior e das alterações climáticas.

Para Nuno Ferrand, diretor do CIBIO-InBIO e professor da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP), esta será “sem dúvida” uma mais-valia para a Universidade. Desde logo “no que toca à investigação em biologia, ambiente, ordenamento do território, entre outras áreas científicas”. Em declarações ao Expresso, o docente perspetiva ainda a utilização do novo espaço “no apoio a aulas de campo e visitas de estudo para os estudantes”.

Ainda no âmbito da investigação, o projeto tem atraído investigadores de doutoramento das Universidades de Oxford e Cambridge (Reino Unido), de Harvard (Estados Unidos), e Montpellier (França) que já manifestaram interesse em desenvolver as suas teses na Estação Biológica de Mértola.

Já numa vertente mais virada para o público em geral, a futura Estação vai também contemplar um museu que combinará arte, ciência e a memória histórica dos cereais. Este vai chamar-se “Galeria da Biodiversidade Mértola: Centro de Interpretação do Vale do Guadiana” e terá características semelhantes às da Galeria da Biodiversidade do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto.

Conclusão em 2022… mas já há trabalho feito

 Apresentado em dezembro do ano passado, o projeto da futura Estação Biológica de Mértola envolve um investimento de 2,7 milhões de euros até 2021 e deverá estar concluído em 2022.

Apesar de a Estação ainda não existir fisicamente, o certo é que o CIBIO-InBIO e a autarquia local vêm trabalhando, há já dois anos, na dinamização do espaço. Entre as iniciativas promovidas incluem-se “o estudo de caracterização genética da perdiz-vermelha, a monitorização das populações de coelho-bravo, projetos de formação ou de promoção do ecoturismo e do birdwatching, cursos de Verão, conferências, entre muitas outras”, enumera Paulo Célio Alves, investigador do CIBIO-InBIO  e docente da FCUP.

Ainda este ano, está prevista a realização de conferências internacionais e estadas de doutorandos e investigadores estrangeiros.