A redução / deslocação das condições climáticas às quais as espécies estão adaptadas é um dos desafios que o mundo enfrenta ao nível da diversidade(Foto: Christian Ostrosky)

A redução das camadas de gelo (ice sheets) e o derretimento das calotas polares, bem como os impactos desses fenómenos na biodiversidade, são consequências há muito conhecidas das alterações climáticas. Mas um estudo de uma equipa internacional que inclui investigadores do CIBIO-InBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos), publicado recentemente pela prestigiada revista Science, revela que os impactos sobre a biodiversidade serão igualmente graves noutras regiões do mundo. Por exemplo, é previsto que os trópicos sejam altamente afetados por alterações locais da temperatura e precipitação, o que conduzirá a climas completamente diferentes dos actuais.

Os resultados deste estudo expõem a complexidade dos efeitos das alterações climáticas na biodiversidade e os desafios que se apresentam ao nível da previsão destes impactos e da preservação dos ecossistemas naturais.
“As regiões polares receberam uma atenção substancial porque estão a passar a passar por um grande aumento na temperatura. A extensão dos climas polares decrescerá, o que implica uma redução no habitat disponível para espécies árticas e sub espécies árticas e sub-árticas”, explica Miguel Araújo, coordenador do polo do CIBIO-InBIO na Universidade de Évora e investigador principal do estudo.

O também  professor no Imperial College em Londres e investigador do Museu Nacional de Ciências Naturais em Madrid (CSIC) acrescenta que “independentemente destas alterações, o aquecimento nos trópicos deverá criar condições climáticas completamente novas, e que atualmente não são experimentadas por nenhuma espécie em qualquer lugar na Terra. A eventual capacidade das espécies se conseguirem adaptar a estas novas condições climáticas é ainda uma questão em aberto. Existe o risco de negligenciarmos estas informações vitais, uma vez queop aumento da temperatura nas regiões polares é mais fácil de compreender”.

O estudo, que resulta de uma colaboração internacional que inclui o CIBIO-InBIO/Universidade de Évora, o CSIC e as universidades de Copenhaga, e as universidades de Copenhaga, e as universidades de Copenhaga, e as universidades de Copenhaga, e as universidades de Copenhaga, e as universidades de Copenhaga, e as universidades de Copenhaga, Helsínquia e o Imperial College de Londres, é o primeiro a fornecer uma visão extensiva e detalhada do impacto de diferentes padrões de variação das alterações climáticas na biodiversidade.

Através da utilização de 15 modelos disponibilizados pelo IPCC (Painel Internacional para as Alterações Climáticas), os investigadores examinaram a forma como diferentes aspetos inerentes às mudanças na temperatura e precipitação poderiam afetar a persistência das espécies em todo o mundo. A maioria dos indicadores de mudanças climáticas disponíveis foi revista e aplicada ao século XXI, e os padrões emergentes de alterações climáticas foram relacionados com as ameaças e oportunidades previstas para a biodiversidade.

Que futuro para a biodiversidade?

Segundo Raquel Garcia, investigadora do CIBIO-InBIO/Universidade de Évora, do CSIC e do Centro de Macroecologia, Evolução e Clima da Universidade de Copenhaga, “o impacto das alterações climáticas na biodiversidade pode ser medido de diversas formas, algumas das quais bastante diferentes das que são tradicionalmente utilizadas. Por exemplo, podemos medir se eventos extremos se poderão agravar ou atenuar, se determinadas condições climáticas estarão mais ou menos disponíveis, e em que medida as condições climáticas poderão estender-se para além das suas áreas de impacto actuais”.

A investigadora adianta que “quando projetamos essa variedade de medição em cenários futuros, torna-se evidente que a diversidade irá experimentar diferentes desafios climáticos em diferentes regiões do planeta. É previsível que o aquecimento extremo e eventos de seca, por exemplo, afetem principalmente os trópicos, causando uma grave ameaça a espécies mais sensíveis. Quando consideramos a extensão das áreas potencialmente afectadas pelas mudanças climáticas, verificamos que esta é maior em regiões de clima frio e polar. Portanto, espécies existentes nessas regiões terão maiores dificuldades em acompanhar os tipos de clima a que estão adaptadas”.

Miguel Araújo realça, contudo, que “os efeitos atuais das alterações climáticas na biodiversidade são extremamente difíceis de prever. O nível complexidade com o qual temos que lidar ao tentar prever os efeitos futuros das mudanças climáticas sobre espécies e ecossistemas é algo sem precedentes nas ciências naturais. Por isso temos que trabalhar com simplificações que revelam as principais tendências das mudanças que estão a ocorrern mundo natural”.

Figura 1: A diversidade enfrenta diversos desafios em regiões diferentes, tais como acontecimentos climáticos extremos, novos climas, ou a redução e a deslocação das condições climáticas às quais as espécies estão adaptadas: Foto: Christian Ostrosky
Figura 2: O aumento da temperatura ao nível dos trópicos dará origem a condições climáticas completamente novas, que actualmente não existem em mais nenhum local da Terra Créditos: Gary Sauer-Thompson

Figura 3:A biodiversidade enfrenta muitos e diversos desafios climáticos em todas as regiões, tais como eventos climáticos extremos, novos climas, e o encolhimento ou deslocação o encolhimento ou deslocação das condições climáticas. Créditos: Miguel Araújo