Quarta-feira, 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, foi dia de portas abertas em São Mamede Infesta. Ao longo do dia, a Casa-Museu Abel Salazar (CMAS) acolheu visitas orientadas, desenvolveu ateliers de gravuras para crianças e disponibilizou mais uma edição de O Museu Num Minuto.

No dia em que se celebram os museus, a Casa-Museu Abel Salazar ofereceu imagens de outro museu, num outro tempo. E colocou o seu personagem principal no centro da ação. É Abel Salazar noutro país, noutra cidade, na correria de outros tempos.

O vídeo – que pode ser consultado no canal de YouTube da Casa-Museu Abel Salazar – explora as impressões do médico, investigador e histórico professor da Universidade do Porto sobre a sua visita ao Rijksmuseum (Museu Nacional de História e Arte) de Amesterdão, em 1926. O espetador é assim convidado a conhecer os pensamentos e emoções de Abel Salazar, após a visita a um dos mais, se não mesmo o mais famoso museu dos Países Baixos.

Uma fita cinematográfica frenética e veloz

Quais foram, então, as impressões de Abel Salazar sobre o museu e sobre a própria cidade de Amesterdão? “…isto não é uma visita, mas uma correria através da cidade”, desabafa o investigador num texto publicado no livro “Um Estio na Alemanha” (Coimbra, Editorial Nobel, 1944).

“As coisas surgem, com fantasmas, e logo se somem edifícios, perspetivas, largos, praças e canais, numa fita cinematográfica frenética e veloz”. Quando aquela “grande massa do Rijksmuseum surgiu na frente como por milagre”, a comitiva, “guiada por amáveis cicerones holandeses”, sumiu-se “no grande átrio do Museu”, prossegue Abel Salazar.

Já dentro do museu, “a farândola continua, num perpassar rápido de salas e de telas, que se sobrepõem na retina”. E o cenário cinematográfico continua: “fogem, escapam, quase nenhuma chegando a definir-se, num repouso”.

O vídeo “Museu num Minuto” explora a viagem de Abel Salazar ao Rijksmuseum, em Amesterdão, em 1926. (Foto: DR)

As 8000 peças – entre pinturas, gravuras, desenhos, fotografias, peças de prata e porcelana, mobiliário e outros objetos de artistas como Rembrandt, Jan Sten ou Johannes Vermeer  – espalhadas pelos quatro pisos e dezenas de galerias do Rijksmuseum impõem a dignidade de uma história que requere tempo para ser contada. “O Museu é em demasia grande para o tempo de que se dispõe”, confessa Abel Salazar.

E é assim, acrescenta o médico, que se perpetua a correria de sala em sala “numa desorientação perplexa, aos ziguezagues, cada qual procurando o que mais lhe interessa e quase nunca encontrando o que procura… O resultado é previsível e já terá ocorrido todos que se submeteram a esta empreitada: “Nesta correria, as figuras, mudas nas telas, suspensas nas paredes, tem o ar espantado de quem vê loucos em doida agitação.”

Para além de O Museu Num Minuto, o dia ficou marcado por visitas orientadas e ateliers de gravura para crianças da Edukar, um Jardim de Infância e Sala de Estudo de São Mamede de Infesta e visitas orientadas a alunos da Universidade Sénior Mutualista, do Porto.