Richard Zimler recorre a factos históricos para criar ficção. O romance histórico é o género a que se dedica Brigid Hampton. O primeiro nasceu em Roslyn Heights, um subúrbio de Nova Iorque, e Brigid é natural da Nova Zelândia. Geografias que se alinham, no próximo dia 18 de setembro, domingo, às 18h00, na Casa Comum (Reitoria) da Universidade do Porto.

Os universos que os dois escritores decidem explorar e porquê, os processos de investigação histórica a que se dedicam e o mistério dizível que dá impulso à palavra servirão de combustível à conversa conduzida por Fátima Vieira, Vice-Reitora da U.Porto com o pelouro da cultura.

A forma como recorrem ao tempo como ferramenta de trabalho (o tempo numa perspetiva histórica, obreiro da construção de civilizações, mas também o tempo de maturação mental e físico da narrativa) irá entremear a sessão.

A cultura judaica e outras afinidades

Está no Porto há 22 anos. Do outro lado do oceano e na mesma latitude da cidade natal. Richard Zimler fez um bacharelato em Religião Comparada na Duke University e um mestrado em Jornalismo na Stanford University. Trabalhou como jornalista durante oito anos, principalmente na região de São Francisco, onde conheceu o que viria a ser o seu companheiro de vida, Alexandre Quintanilha. Foi por amor que fez a travessia.

Vive na zona da “Foz velha”, passa longas horas do dia a escrever, mas sempre que pode, onde gosta de fazer longas caminhadas pela marginal. Foi aqui que, depois de muitas respostas negativas que obteve nos EUA, consegue finalmente, através de uma editora portuguesa, publicar O último Cabalista de Lisboa.

Daqui até uma lista interminável de prémios e best-sellers foi um pulo. Já publicou doze romances, uma coletânea de contos e seis livros para crianças. Tem obra traduzida para 23 línguas e uma verdadeira legião de fans.

Para além do recurso a factos históricos, Brigid Hampton tem outra característica que a aproxima de Zimler, também trabalhou como jornalista. Nasceu na Nova Zelândia. Licenciou-se em Literatura Inglesa pela Universidade de Canterbury, onde concluiu o curso de Jornalismo e foi no jornal de Wellington que ganhou experiência como jornalista. Depois também optou por mudar de continente, mas desta vez foi viver para Londres, onde trabalhou com duas editoras.

Tal como Zimler, é também no início dos anos 1980, que vem para Portugal. Deu aulas de Inglês e assumiu o cargo de editora numa revista de arquitetura. Tal como Richard Zimler tem dupla nacionalidade. Vive atualmente em Lisboa.

O astrólogo e o rei é o seu primeiro livro. Coloca-nos em Espanha, em 1492, ano em que a rainha Isabel decreta um édito de expulsão a todos os judeus não convertidos. Em Portugal, D. João II está perto de encontrar uma rota marítima para as Índias. Forçados a abandonar Espanha, juntamente com as suas famílias, o astrólogo Abraão Zacuto e o cartógrafo Jacob Halevy procuram refúgio em Portugal, onde são contratados por D. João II. Para saber mais, há que vir assistir à conversa que, já percebemos, terá a cultura judaica como outro ponto de convergência.

A conversa entre os dois escritores será o segundo momento do ciclo O Tempo na Escrita. O primeiro trouxe ao Pátio do Museu os escritores Valter Hugo Mãe e Manuel Jorge Marmelo.

A entrada é sempre livre.