À terceira semana de eventos do “Noites no Pátio do Museu”, saltamos para fora das paredes do Museu de Ciência e História Natural da U.Porto e marcamos viagem para uma aventura tecnológica e humana que nasce de um desejo ancestral: descobrir outras “Terras” no Universo. Depois, à boleia de Burle Marx temos uma expedição ao Brasil; vamos conhecer a história de quem de lá voltou, com tempo ainda para um salto até França – mas isso é já outra história.

A semana “começa” às 21h30 do dia 19 de julho, com uma verdadeira exploração dos sentidos. Manuel Cabral (cônsul honorário da França no Porto e antigo presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto), Fátima Vieira (vice-reitora da U.Porto para a cultura), Hélio Loureiro (chef e investigador da arte da cozinha) e Jorge Dias (diretor-geral da Gran Cruz) sentam-se à mesa para uma conversa, mas também para uma experiência gastronómica e vinícola. A Cuisine française como lugar de cultura e encontro é o título deste evento que está inserido na primeira Festa do Livro e do Autor de Língua Francesa e cuja participação – apesar de gratuita, como em todos os eventos deste ciclo – obriga a uma inscrição prévia no Eventbrite.

Dia 20, às 21h30, vamos viajar até ao século XIX. Tendo enriquecido no Brasil, a família de José Teixeira da Silva Braga Júnior regressa a Portugal e o pai de Braga Júnior instala-se no Porto, onde compra um palacete. É o edifício onde está hoje instalada a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Foi aqui que desenvolveu uma das maiores coleções particulares em Portugal, com uma temática neotropical. Nesta terceira sessão em que damos Voz aos objetos, o tema será “Um palacete, um museu e um brasileiro torna viagem.

Um palacete, um museu e um Brasileiro torna viagem. A coleção Braga Júnior. (Foto: DR)

Nesta noite, vamos apresentar alguns dos espécimes que fazem parte desta coleção e que, agora, integrados no MHNC-UP, se encontram acessíveis a todos e protegidos do esquecimento. Ricardo Jorge Lopes, curador de aves do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto, é quem faz “as honras da casa” e dá a conhecer parte desta coleção que, no MHNC-UP, tem o nome de Coleção Braga Júnior.

No dia 21 vamos ficar de olho nas estrelas, “À procura de outras terras no Universo”, e a responsabilidade é de dois astrofísicos. Nuno Cardoso Santos é investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e Professor Auxiliar no Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da U.Porto. É o responsável em Portugal pelo projeto ESPRESSO que permitiu a instalação, no deserto Atacama, no Chile, de um espectrógrafo que analisa a luz de estrelas distantes, e deteta ínfimos sinais de planetas em órbita, pequenos como o nosso. Nos últimos 30 anos descobrimos que quase todas as estrelas que vemos à noite no céu têm planetas à sua volta. A maioria desses planetas deverão ser rochosos, como a Terra. Como é que o sabemos? E o que é que isso muda no olhar com que observamos o céu? Nuno Cardoso Santos responde.

Em 2004, foi o autor principal do artigo onde se publicou a descoberta do primeiro planeta potencialmente rochoso a orbitar outra estrela. O European Research Council (ERC) atribuiu-lhe, em 2009, uma “Starting Grant” para criar uma equipa de investigadores a trabalhar na pesquisa de planetas extrassolares e, em 2022, uma “Advanced Grant” para desenvolver métodos de análise de dados para detetar outras Terras.

Espresso: An Adventure in the Atacama Desert. (Foto: DR)

Mário João Monteiro é investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e Diretor do Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. É ainda Delegado de Portugal ao Programa Científico da Agência Espacial Europeia (ESA). Trabalha na área da Estrutura e Evolução Estelar, com particular interesse no uso da helio- e astero-sismologia para estudar a física do interior das estrelas semelhantes ao nosso Sol.

Dia 22 de julho, voltamos ao cinema para uma sessão, a terceira deste ciclo, que nos vai levar até à fase inicial do punk rock. Onde? Em Londres, claro. Filmado em vídeo Super 8 pelo disc jockey de uma das principais salas onde os novos grupos se apresentavam: o Roxy, em Londres. O segundo documentário retrata a mesma realidade punk, com os inevitáveis conflitos com as autoridades, no clube californiano Cuckoo’s Nest. Esta é mais uma noite dedicada ao Lo-Fi Rock’n’Roll Remix. Às 21h30 arrancamos com The Punk Rock Movie (1978, 1h24), de Don Letts e continuamos com Urban Struggle: The Battle of the Cuckoo’s Nest (1981, 37 min.), de Paul Young.

No sábado, vamos ao encontro de Burle Marx e as suas expedições. A cada viagem do botânico autodidata, o vocabulário paisagístico ampliava-se, novas plantas surgiam e ficavam disponíveis para o uso em jardins e este conhecimento adquirido era difundido entre outros paisagistas.

Roberto Burle Marx, o botânico autodidata. Episódio dedicado às expedições. (Foto: DR)

A curiosidade, a sede de conhecimento e a capacidade de observação de Burle Marx levaram à identificação de novas espécies durante as várias expedições que fez pelo Brasil.

Para comentar este 3º episódio da série documental teremos as intervenções de Paulo Farinha Marques, diretor do Jardim Botânico da Universidade do Porto, e Iúri Frias, horticultor e curador da coleção viva do Jardim Botânico da Universidade do Porto.

No domingo, já é costume: vamos ao teatro. Esta é já a 4ª sessão do ciclo Despertar. São performances pensadas e criadas por sócios do Teatro Universitário do Porto. O objetivo é esticar a mão até ao fundo do baú e tirar de lá os assuntos perdidos no sonambulismo dos últimos dois anos.

Já sabe, as sessões das Noites no Pátio do Museu são sempre às 21h30 e têm entrada livre até completar a lotação do espaço. A programação pode ser consultada aqui.