I3S_auditorio

O Auditório Corino de Andrade será palco do debate “Drogas e Criatividade”, que assinala a inauguração da exposição “Enhancement: MAKING SENSE” no i3S.

O i3S realiza no dia 25 de maio, entre as 19h e as 20h30, o primeiro evento de encerramento do projeto europeu NERRI – Neuro-Enhancement: Responsible Research and Innovation. O programa inclui a primeira sessão de debate sobre o tema “Drogas e a Criatividade“, que será moderado por Alexandre Quintanilha, e a inauguração de uma exposição de arte e ciência intitulada Enhancement: MAKING SENSE, que ficará patente ao público nos espaços comuns da entrada principal do i3S até ao final do mês de julho.

A arte e as humanidades entram nesta «casa» de Ciência para nos fazer pensar sobre o modo como o desenvolvimento científico está a alterar o mundo e o próprio ser humano. O mundo fantástico de Lewis Carroll e de Alice no país das maravilhas inspira a primeira sessão de debates, moderada por Alexandre Quintanilha, que reflete sobre o uso de drogas como potenciador da criatividade. Desde as primeiras experiências com LSD, pela voz da neurocientista Teresa Summavielle, ao alargamento das portas da perceção na literatura de Aldous Huxley, nas palavras de Jonathan Lewis, o uso de substâncias psicoativas como método de alteração do ser humano estará em debate. De que modo o consumo de drogas e fármacos galga as margens do tratamento e passar a ser uma forma de melhoramento? Enquanto sociedade como vemos estas questões e como queremos agir sobre elas?

O debate não fica apenas pelo auditório, atravessa os corredores, espalha-se pelos espaços comuns do i3S, num conjunto provocador de peças e instalações que questionam a Ciência. O dia em que vamos ligar um chip de memória diretamente no cérebro ou tomar drogas para ser mais inteligente e eficiente parece saído de um filme de ficção científica, mas aproxima-se a passos largos. O rápido desenvolvimento científico, especialmente nas áreas da biotecnologia, nano medicina, neurociências e tecnologias da informação permite-nos vislumbrar um Admirável Mundo Novo. Artistas, humanistas, cientistas questionam este mundo novo que estamos a construir e sobre que alicerces está a humanidade a fundar o seu futuro.

Nas palavras da curadora, Maria Manuela Lopes, a exposição Enhancement: MAKING SENSE «não tenta ilustrar ou resolver as complexidades que advêm do (neuro)enhancement, mas propõe um interlaçar de discursos, representações e formas heterogéneas de atuar por práticas artísticas e biotecnológicas informadas por conceitos científicos. Enhancement: MAKING SENSE explora noções de perceção de ‘melhoramento’, enunciando uma viagem subtil pelas questões que partem da capacidade do humano questionar a sua própria natureza».

«Natureza; imortalidade; potenciação cognitiva; plantas psicoativas; ondas cerebrais e interface homem máquina; medicina regenerativa; sangue, poder e equidade; aprendizagem, memória e demência; futuro e condições climáticas – vida em outro planeta; dissolução do ‘self’ por fronteiras não humanas; potenciar por esvaziamento; convergência e consciência neurofisiológica em humanos e animais, são algumas das temáticas desenvolvidas pelos projetos de Andy Gracie; Carlos Marques; Herwig Turk; Horácio Tomé Marques e Francisco Marques Teixeira; Kathy High; Kathleen Rogers; Marta de Menezes; Maria Manuela Lopes; Paulo Bernardino Bastos; Perdita Phillips e Suzanne que estarão patentes no i3S», acrescenta.

O NERRI é o primeiro projeto europeu (ao abrigo do FP7) coordenado pela Ciência Viva e visa promover o diálogo alargado sobre as implicações sociais, éticas e de governação no campo do melhoramento cognitivo (“neuroenhancement”). O aparecimento de novos fármacos e tecnologias para potenciação cognitiva levanta ainda o problema do desconhecimento dos seus efeitos secundários e a longo prazo. O NERRI tem vindo a produzir contributos concretos para a regulação nesta área e para definir uma agenda europeia de investigação e inovação responsáveis.

O consórcio do projeto inclui 18 parceiros de 11 países da União Europeia, entre os quais institutos de investigação e associações de doentes, museus e agências de comunicação de ciência. A equipa integra especialistas em ciências neuro-cognitivas, ciências sociais, humanidades e comunicação de ciência.