3º Fórum Nanovalor realizou-se na Reitoria da U.Porto

Cada vez mais presente no universo das empresas e da investigação científica, a nanotecnologia “pode contribuir muito para aumentar a competitividade entre as empresas”. A sentença é de Jorge Gonçalves, vice-reitor da Universidade do Porto com o pelouro da Inovação, e marcou o 3º Fórum Nanovalor, evento que reuniu na Reitoria da U.Porto mais de 50 membros do consórcio com o mesmo nome num debate sobre as potencialidades da nanociência e na nanotecnologia na Euroregião de Portugal e da Galiza

Durante o encontro, realizado a 25 de setembro, foram apresentadas as principais conclusões retiradas do documento “Barreiras e Fatores Críticos de Sucesso na Comercialização de Resultados Nano”. O pouco investimento em I&D e a existência de poucas start-ups nano foram alguns dos problemas identificados na Euro região.

“É necessário saber dar respostas aos interessados em investir e, identificadas as barreiras e dúvidas, ver que factores  de sucesso podem ajudar a ultrapassá-las”, defende Pedro Silva, responsável da TecMinho  e membro do Nanovalor.

Encarado como como um ponto de partida para se começarem a pôr em prática as ideias colaborativas entre os agentes de I&D, o documento apresentado conclui que a Euro região demonstra “possuir pouco conhecimento no que toca à área nano”. O afastamento entre I&D e o mercado, sobretudo nas fases iniciais do ciclo de investimento, é uma das principais falhas, a par da falta de comunicação entre os dois universos. “As empresas não sabem o suficiente sobre a nanotecnologia e suas potencialidades e, com essa falha, não se mostram dispostas a apostar na área”, diz Pedro Silva, concluindo que “existe pouco investimento privado, poucos empreendedores e agentes desarticulados”.

Falhas na comunicação são o principal obstáculo

Após a apresentação do documento, houve espaço para discussão do mesmo em duas mesas redondas preenchidas por convidados de referência na área. A principal conclusão retirada de ambos os debates foi a necessidade eminente de melhorar a comunicação entre os investigadores e as empresas. Ricardo Luz, da Invicta Angels, chegou mesmo a dizer que “os negócios relacionados com a nanotecnologia levantam uma série de problemas”. “Nós não temos conhecimento técnico, percebemos apenas de empresas. É necessário quem dê confiança aos investidores para prosseguirem”, disse.

O Professor Salcedo, da AcSystems, considera também que, a comunicação não é a melhor. “Hoje em dia a comunicação entre universidades e empresas é mais fácil, o que falta são reais gabinetes de transferência de tecnologia”, referiu. Além disso, “é necessário diminuir a aversão ao risco por parte das empresas interessadas em investir, que só o farão em grande escala se conseguirem compreender melhor o mundo no qual estão a apostar”.

As questões mais políticas estiveram em foco na segunda ronda de debates. Francisco Javier Pereiró, da Fundacion Empresa Universidad Galega (FEUGA), alertou para a necessidade de se definirem “objectivos e prazos”. Bruno Sarmento, da spin-off Inovapotek, considera por sua vez, “fundamental atentar às especificações de cada mercado para tentar ultrapassar as barreiras entre o mundo académico e empresarial”. A este problema José Miguel Teixeira, do IFIMUP, acresce o pouco “investimento público e privado na formação de pessoas que façam a transposição entre as universidades e as empresas”.

Apesar dos obstáculos, os participantes do fórum foram unânimes em considerar que a nanotecnologia pode e deve ser aproveitada, em todo o seu potencial, como valor acrescentado para um negócio de sucesso. Otimista , o professor de Santiago de Compostela Rogélio Conde, considera que o desenvolvimento da investigação nessa área não deve deixar de se “ligar ao mercado e às empresas apesar das dificuldades atuais” pois só assim se começarão a criar casos de sucesso.