A solidariedade não conhece fronteiras. Que o digam Ana Jorge Teixeira e Joana Lima, duas antigas estudantes da Licenciatura em Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria, Multimédia da Universidade do Porto, que, no próximo mês de junho, vão partir para Atenas para serem voluntárias no campo de refugiados de Eleonas, em Atenas.

Durante a licenciatura, as estudantes estiveram envolvidas em diversos projetos de voluntariados. “Comecei no Já T’Explico, em 2016, enquanto explicadora. É um projeto que dá apoio educativo a crianças e jovens, do 5.º ao 9.º ano de escolaridade, com menos possibilidades financeiras e apoio familiar. A grande missão é pôr os mais pequenos a pensar em grande”, refere Ana Jorge Teixeira, de 23 anos.

Licenciada em 2018, Ana fez também voluntariado no Just a Change, um projeto de reabilitação de casas. “Estive a trabalhar em Santa Comba Dão, em casas afetadas pelos incêndios florestais”, conta.

Joana Lima, de 24 anos, atualmente a estudar na Faculdade de Economia (FEP), teve a oportunidade de fazer Erasmus em Atenas, onde descobriu o Project Elea, uma organização que atua no campo de refugiados de Eleonas. “Assim que regressei, abracei dois novos projetos: a VO.U. – Associação de Voluntariado Universitário, como professora de português de migrantes no Centro São Cirilo, e o Já T’Explico, como explicadora de crianças do 5º ao 9º ano de escolaridade, com menos possibilidades financeiras e apoio familiar”.

Para as estudantes, a Universidade  teve um papel importante na sua paixão pelo voluntariado. Ana Jorge Teixeira afirma que “foi por estar a frequentar a U.Porto” que pôde candidatar-se a alguns dos projetos dos quais fez parte. “Além disso, foi sempre bom saber que frequentava uma Universidade empenhada em promover o voluntariado”.

Por seu turno, Joana Lima revela que a U.Porto lhe deu “o mundo”. Entre as oportunidades que já abraçou enquanto estudante da Universidade incluem-se “um período de mobilidade no berço da civilização ocidental e democracia, a oportunidade de a representar na 19ª. edição do Festival Mundial de Jovens e Estudantes, em Sochi, na Rússia, de ser guia da equipa romena durante o Campeonato Europeu Universitário de Futebol pela EUSA e ainda buddy de quatro estudantes internacionais pela ESN”. A estudante acrescenta que “foi um despertar de consciência” e  que sentiu “vontade de retribuir”.

“Tornar o Mundo num lugar mais justo”

Ana Jorge Teixeira descobriu o Project Elea através de Joana Lima. Quando esta lhe contou que ia regressar a Atenas este ano, não pensou duas vezes antes de se juntar a ela. “Acredito que podemos e devemos fazer o que estiver ao nosso alcance para tornar o Mundo num lugar mais justo e pintado de cores mais alegres”, relata.

O voluntariado ajudou as antigas estudantes no seu desenvolvimento pessoal e social. Ana Jorge Teixeira considera que “quem faz voluntariado consegue genuinamente sentir que fica preenchido sem esperar qualquer tipo de recompensa monetária” e que, no fim, acaba por se “receber sempre mais” do que aquilo que se dá.

“Acho que é gratificante conseguirmos pôr as necessidades dos outros à frente das nossas e acreditar realmente que estamos a fazer a diferença na vida de alguém e também na nossa”, afirma.

Joana Lima refere por sua vez que o voluntariado a ensinou “a ser grata e a viver para os pequenos momentos”, tais como receber um desenho de uma criança, beber chá enquanto se aprende Farsi, dançar até ao anoitecer, acompanhar os amores e desamores da adolescência, o brilho no olhar, entre tantos outros. Ambas consideram que o voluntariado mudou as suas vidas.

Sobre o Project Elea

O Project Elea é uma iniciativa aprovada pelo Ministério da Migração grego e é constituída por um grupo de voluntários de todo o mundo que se uniram para trabalhar em colaboração com os residentes do Campo de Refugiados de Eleonas, em Atenas, para melhorar os padrões de vida e o bem-estar da comunidade.

Além do fornecimento de serviços básicos, tais como a distribuição de alimentos e roupas, o Project Elea oferece  uma programação variada de atividades (10 a 12 por dia) com foco na educação, desporto, cultura, ambiente e partilha de competências entre crianças e adultos. Os objetivos da iniciativa são construir um ambiente de paz, estabilidade, baseado no sentido de comunidade, e também incentivar os refugiados a reconstruirem as suas vidas.